quarta-feira, 22 de abril de 2009

O QUARTO CAMINHO


É um sistema cosmológico e psicológico elaborado por dois pensadores russos no início do século XX: G. Gurdjieff e P. Ouspensky, cujas raízes procedem das antigas tradições e ensinamentos orientais. Os principais elementos da escola do quarto caminho são a CONSCIÊNCIA e a AUTO-LEMBRANÇA.
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É um caminho de auto-desenvolvimento, uma maneira de aprender sobre nós mesmos e de mudarmos a nós mesmos. E, esperançosamente, um caminho para Deus ou o que quer que seja após esta vida.
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O nome "quarto" caminho implica que existem três outros caminhos:
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-O "primeiro caminho" refere-se aos sistemas ou métodos que são principalmente físicos, o caminho do domínio do corpo físico; é o chamado "caminho do faquir".
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-O "segundo caminho" para aqueles que são principalmente emocionais, é a via da devoção, do sacrifício religioso e da fé; é o "caminho do monge".

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-O "terceiro caminho" para àqueles que são intelectuais, é a via do conhecimento; o "caminho do iogue".

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-O "quarto caminho" é uma combinação de todos estes caminhos, são para os que querem permanecer no mundo, sem pertencer ao mundo, para os que buscam um estado de consciência mais elevado. Gurdjieff, assim como o Buda, afirma que a maioria das pessoas estão "adormecidas", vivendo uma vida de reação automática a estímulos externos. O caminho para a libertação, para o "despertar", não está nas noções convencionais de vida virtuosa, mas num programa intencional de autotransformação.

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A linha de trabalho difundida por Gurdjieff é conhecida como o QUARTO CAMINHO, provavelmente é o caminho mais difícil a ser seguido, uma vez que nos é imposto praticá-lo em meio a vida cotidiana - no dia-a-dia, sem renunciar ao mundo. No Quarto Caminho é importante manter uma relação ativa e direta de comprometimento com as circunstâncias variáveis da vida, que nunca são fixas e habituais. Deve-se ter capacidade de adaptação às diferentes condições da vida pondo em prática todos os conhecimentos do Trabalho Em Si.
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AUTO-OBSERVAÇÃO e LEMBRANÇA DE SI são chaves para a evolução neste caminho. O homem do Quarto Caminho deve estar conectado, sintonizado com a vida. Deve realmente compreender o significado de ESTAR NO MUNDO SEM SER DO MUNDO. Deve entender que o melhor caminho é o caminho do meio, do centramento, do alinhamento dos centros (físico, energético, emocional e intelectual), da harmonização entre o interno e o externo, e aceitar o convite para o verdadeiro DESPERTAR, permitindo assim a manifestação do EU SUPERIOR.
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---------------LEMBRAÇA DE SI MESMO---------------
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A auto-lembrança é um estado de consciência no qual estamos atentos ao que estamos fazendo. Usualmente esquecemos de nós mesmos. Ficamos absorvidos pelo que estamos fazendo. Por exemplo, entramos no nosso carro e damos a partida, então, esquecemos de nós mesmos, (talvez relembrando algum acontecimento passado). Somente quando já estamos em casa é que nos lembramos de nós mesmos novamente. Você "descobre" então que esteve "dormindo" enquanto dirigia para casa. A auto-lembrança não é uma atitude intelectual, mas uma maneira de ser nós mesmos, de observação de nós mesmos. A auto-lembrança é freqüentemente acompanhada de um sentimento de estranheza, como se estivéssemos vendo as coisas pela primeira vez. A auto-lembrança é importante no quarto caminho porque é uma modo de romper o ciclo mecânico no qual vivemos. Uma das máximas da auto- lembrança é: "Onde quer que se esteja, o que quer que se faça, lembrar-se da própria presença e reparar sempre no que se faz". A consciência objetiva é a meta, a culminância da auto-lembrança.
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Um dos principais objetivos do "trabalho" é a mudança do nosso "nível de ser" através do autoconhecimento. Sem autoconhecimento não podemos ter metas sobre nós mesmos em relação a mudança de nosso ser. O verdadeiro autoconhecimento é diferente das idéias e quadros imaginários que fazemos a respeito de nós mesmos e só pode surgir através de muita auto-observação pessoal. Isso significa que temos que ver como falamos, agimos, quando temos emoções negativas, quando e com que estamos nos identificando, quando mentimos e também, conhecer nossas formas particulares de imaginação.
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Resumindo: temos que observar as coisas que nos mantêm "adormecidos" e nos impedem de "acordar". Despertar do sono é o mais alto objetivo do "trabalho" no Quarto Caminho. Só o homem desperto é senhor de si mesmo.
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---------------PARA REFLETIR---------------
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"O primeiro traço característico dos grupos, seu traço mais essencial, é que estes não são constituídos de acordo com o desejo ou preferências de seus membros. Os grupos são constituídos pelo Mestre, que do ponto de vista de suas próprias metas, escolhe os tipos de homens capazes de se tornarem úteis uns aos outros. NENHUM TRABALHO DE GRUPO É POSSÍVEL SEM UM MESTRE. E o trabalho de grupo sob um mau mestre só pode produzir resultados negativos.
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O segundo traço importante do trabalho dos grupos é que estes podem estar em relação COM ALGUMA META DA QUAL OS QUE COMEÇAM O TRABALHO NÃO PODERIAM FAZER A MÍNIMA IDÉIA E ESTA NÃO LHES PODE SER EXPLICADA ANTES QUE TENHAM COMPREENDIDO A ESSÊNCIA, OS PRINCÍPIOS DO TRABALHO E TODAS AS IDÉIAS QUE A ELE ESTÃO LIGADAS. Mas a meta em direção à qual vão e a que servem sem conhecer é o princípio de equilíbrio sem o qual seu trabalho não poderia existir.
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A PRIMEIRA TAREFA É COMPREENDER ESSA META, ISTO É A META DO MESTRE. Quando tiverem compreendido essa meta - embora, no início, isto só possa ser feito parcialmente - seu próprio trabalho tornar-se-á mais consciente e, por conseguinte, poderá dar melhores resultados. Mas, como já disse, acontece muitas vezes que a meta do Mestre não pode ser explicada no início.
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("Fragmentos de Um Ensinamento Desconhecido", P. D. Ouspensky )
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--------------EMOÇÕES NEGATIVAS---------------
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O Trabalho diz: "Tens o direito a não ser negativo.
"O Trabalho não diz: "Não tens direito a ser negativo."
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Um dos sinais pelos quais se pode distinguir entre um ensinamento falso e um ensinamento verdadeiro é que o ensinamento falso insiste que se faça algo que não se pode fazer ou estabelecer como regra. É sinal de um ensinamento falso, por exemplo, obrigá-lo a prometer algo, ou a jurar, ou fazer um voto de silêncio, e assim sucessivamente. Um homem - um homem comum - não pode cumprir uma promessa em todas as circunstâncias, porque não é uma pessoa, mas, ao contrário, várias pessoas. Uma pessoa, um "Eu" nele, pode prometer ou até amarrar-se por um juramento. Outros "Eus" nele, entretanto, não quererão reconhecê-lo. Supor que um homem pode prometer alguma coisa é supor que já é uno, uma unidade - quer dizer, um homem que só tem um "Eu" real, permanente, que o controla e, assim, uma só vontade. Mas um homem tem muitos "Eus" e muitas vontades diferentes. Suponhamos que o Trabalho estabeleça uma regra deste teor: "Não deve ser negativo. Deve jurar que não será nunca negativo. Se não cumprir esta promessa, terá que abandonar o Trabalho." Se o Trabalho dissesse isso, significaria que pressupõe que o homem pode fazer. Mas o Trabalho diz que o homem não pode fazer e que isso é preciso perceber por meio da observação de si. Se prossegue imaginando que pode fazer, se continua pensando que sempre recorda e cumpre seu propósito, então não haverá lugar em você para o Trabalho e o Trabalho não poderá ajudá-lo. Não sentirá seu desamparo interior. Se começa a sentir seu desamparo interior de um modo correto, sentirá a necessidade do Trabalho, para que o ajude. Como o Trabalho pode ajudá-lo? Só pode ajudá-lo se você começar por obedecê-lo. Sentir a necessidade do Trabalho é sentir que precisa de algo para servir de guia.
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Se deixa que alguém o guie, é melhor que o obedeça. É preciso que trate de obedecer ao Trabalho. Entretanto, se não entende nada, não pode obedecer ao Trabalho. Por isso é necessário pensar naquilo que o Trabalho ensina, para que fique gravado claramente em sua mente. É preciso que pense, por si mesmo, com seus pensamentos mais genuínos e pessoais, naquilo que o Trabalho está sempre lhe dizendo. Se pensar dessa maneira, profunda, íntima e pessoal, verá que o trabalho lhe diz mais sobre o que tem de fazer do que sobre o que não tem de fazer. Agora, bem, as pessoas muitas vezes perguntam: "Que é que tenho que fazer?" Por esse lado, o Trabalho só diz duas coisas definidas: "Lembre-se de si mesmo" e "Observe-se a si mesmo." Isso é o que você deve tratar de fazer. Por outro lado, o Trabalho diz muitas coisas sobre o que não deve fazer. Diz, por exemplo, que deve tratar de lutar contra a identificação, de lutar contra a mecanicidade, contra a conversa mecânica e equivocada, contra todo tipo de consideração interior, contra todo tipo de auto-justificativa, contra as diferentes imagens de si mesmo, as formas especiais de imaginação, a antipatia mecânica, contra todas as variedades de auto-compaixão e auto-valorização, os ciúmes, os ódios, com a vaidade, a falsidade interior, a mentira, o auto-convencimento, os preconceitos, etc. E fala expressamente de lutar contra as emoções negativas em seu conjunto.
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Às vezes se encontra no Trabalho uma pessoa ansiosa e desejosa de saber exatamente o que fazer. Em geral as pessoas que fazem essa pergunta só prestam atenção exterior e não interior. Como sabem, o Trabalho começa com a atenção interior. A observação de si é atenção interior. Uma pessoa deve começar por ver a si mesma, a que se assemelha e o que lhe acontece - por exemplo, é preciso que veja por meio da atenção interna suas próprias emoções negativas, em lugar de ver só as das demais pessoas por meio da atenção exterior. É preciso que veja o que significa identificar-se com suas emoções negativas e o que significa não identificar-se com elas. Uma vez que o veja, já conseguiu a chave para entender o aspecto prático do Trabalho. As primeiras etapas do Trabalho se chamam, às vezes, "limpeza da máquina". Uma pessoa que constantemente diz: "Que deveria fazer?", depois de haver ouvido o ensinamento prático do Trabalho algumas vezes, assemelha-se a um homem que tem um jardim cheio de ervas daninhas e diz, ansiosamente: "Que deveria plantar nesse jardim?, Quais plantas poderiam crescer nele?". Mas a primeira coisa que tem a fazer é limpar o jardim. Por isso o Trabalho enfatiza o que não deve ser feito - quer dizer, aquilo que é preciso deter, aquilo ao que não se deve ceder, o que se deve impedir, o que não se deve alimentar mais, o que se deve limpar na máquina humana. Porque entre nós não há ninguém que tenha máquinas lindas e novas quando entra nesse Trabalho, e sim máquinas oxidadas, sujas, que necessitam de limpeza diária e, por certo, uma limpeza radical no começo.
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Uma das maiores formas de sujeira são as emoções negativas e o abandono habitual a elas. A maior sujeira no homem é a emoção negativa. Uma pessoa habitualmente negativa é uma pessoa suja, no sentido do Trabalho. Uma pessoa que sempre pensa coisas desagradáveis das demais, que não simpatiza com ninguém, que tem inveja, que sempre tem algum motivo de queixa, alguma forma de compaixão de si mesma, que sempre sente que não é tratada com justiça, tal pessoa tem a mente suja no mais verdadeiro e prático dos sentidos, porque todas essas coisas são formas de emoções negativas e as emoções negativas são sujas. Agora, bem, o Trabalho diz que tens o direito a não ser negativo. Como se assinalou antes, não se diz que não tens o direito de ser negativo. Examinando a diferença ver-se-á como ela é grande. Sentir que se tem o direito a não ser negativo significa que se está bem encaminhado para o verdadeiro trabalho sobre si em relação aos estados negativos. Ser capaz de senti-lo atrai a força que o ajuda. Mantendo-se erguido, por assim dizer, em si mesmo, em meio a toda a desordem da negatividade, e sentir e saber que não é necessário perder-se nessa desordem. Dizer esta frase de modo correto para si mesmo, experimentar o significado das palavras "Tenho direito a não ser negativo", é, na realidade, uma forma de lembrança de si, de sentir um indício do verdadeiro "Eu" que se levanta sobre o nível de seus "Eus" negativos que todo o tempo repetem que tens todo o direito a ser negativo.
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Todos vocês têm ouvido falar dos níveis, mas alguns não têm compreendido o que significa um nível superior no sentido prático. Qual é o nível inferior e qual é o nível superior em si mesmo? O Trabalho nos fará viver no nível superior de nós mesmos. Por exemplo, suponhamos que você comece a considerar-se internamente. Começa por fazer contas, calculando o que os outros lhe devem, pensando que o tratam mal, preocupando-se com o que os outros pensam de você, etc. Esta é uma atividade do nível inferior de si mesmo. Quer dizer, você não pode viver em um nível melhor de si mesmo se abandonar-se todo o tempo à consideração interior. Agora, bem, suponhamos que comece a não gostar do sabor interior da consideração. Então, quando a consideração interior começa, você se dá conta disso e sente-se incomodado. Por que? Porque já começou a experimentar ao que se assemelha o nível superior. Sente-se incomodado por razões de contraste. Já viu algo melhor. Já está em uma posição que permita fazer uma escolha interior. Ou em outro momento, se está em um estado negativo, está em um nível superior ou inferior de si mesmo? Está em um nível inferior e não poderá saborear o que é um nível superior enquanto continue abandonando-se, sem controle algum, a seus estados negativos. É sempre questão de decisão interior, de escolha interior. Se você começa a se interessar por seus melhores estados e pelo que os produzem, começará a trabalhar praticamente sobre si mesmo. Os estados melhores pertencem aos níveis superiores de si mesmo. Existem em você diferentes níveis. Você pode viver no subsolo ou mais alto. Mas é preciso que veja tudo isso por si mesmo e chegue a reconhecer aonde está em si mesmo. Pergunte-se: Onde estou eu? Que pensamentos e emoções o acompanham, que estado de ânimo, quais "Eus"? É preciso aprender não só com quem viver em si mesmo, mas, também, onde viver em si mesmo.
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Mais uma nota. Ao ocupar-se de um estado negativo, contemple o "Eu" em você e não a pessoa com quem você está negativo. A verdadeira causa do estado negativo é o "Eu" que está falando internamente em você e a quem você está escutando. Se você permite que esse "Eu" continue falando e lhe presta atenção, tornar-se-á cada vez mais negativo. Seu único fim é fazê-lo negativo e absorver tanta força quanto for possível. Todo "Eu" negativo tem um só propósito - apoderar-se de você e alimentar-se de você às suas custas. A verdadeira causa dos estados negativos está em você - nos "Eus" negativos que só vivem persuadindo-o com meias verdades e mentiras para estropiar-lhe a vida. Todos os "Eus" negativos só desejam destruí-lo, arruinar sua vida. Este é um bom exercício para praticar.
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Maurice Nicoll, "Comentarios...", Kier, Vol I, p. 166-168.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Jalal al-Din Husain Rumi

"Vêm
Dir-te-ei em segredo
Aonde leva esta dança
Vê como as partículas do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram desnorteadas.
*
Cada átomoFeliz ou Miserável,
Gira apaixonado
Em torno do sol.
*
Ninguém fala para si mesmo em voz alta
Já que todos somos um,
falemos desse outro modo.
*
Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma
Fechemos pois a boca e conversemos através da alma
Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo
*
Não posso dormir quando estou contigo
por causa do teu amor
Não posso dormir quanto estou sem ti
por causa de meu pranto e gemidos.
Passo as duas noites acordado
mas, que diferença entre uma e outra!
*
Não temos nada além do amor
Não temos antes, princípio nem fim
A alma grita e geme dentro de nós:
- Louco é assim o amor
Colhe-me, colhe-me, colhe-me
*
À noite, pedi a um velho sábio
que me contasse todos os segredos do universo.
Ele murmurou lentamente em seu ouvido:
- Isto não se pode dizer, isto se aprende
*
A fé da religião do Amor é diferente,
A embriaguez do vinho do Amor é diferente,
Tudo que aprendes na escola é diferente.
Tudo que aprendes do Amor é diferente.
*
Vem ao jardim da primavera, disseste.
- Aqui estão as belezas, os vinhos e a luz.
Que posso fazer com tudo isso em ti?
*
E se, estás aqui, para que preciso disso?"
*
(Jalal al-Din Husain Rumi)

Papaji


Namaskar,
*
Antes do começo você é pura Consciência.
Você é a totalidade do Amor no Amor e o vazio do Alerta.
Você é a Existência e a Paz além da Paz.
Você é a tela onde tudo é projetado.
Você é a Luz do Conhecimento.
*
Aquele que deu o conceito de criação ao criador.
Esqueça-se daquilo que puder ser esquecido e reconheça a si mesmo
como aquilo que não pode ser esquecido.
*
Você é o substrato onde tudo se move... deixe que se mova.
Você é Agora, você é o Agora.
Que “eu” existe que possa estar fora desse Agora?
Você é a Verdade e somente a Verdade é.
*
Você é Inatividade.
Atividade é o seu reflexo, a sua Brincadeira, o seu mundo.
O Sol é Inatividade, os espelhos são atividades.
*
Você é este precioso Momento, a Presença em Si,
qualquer brisa que te toque santificará até mesmo demônios.
*
Você é Aquele que está Consciente
da Consciência de objetos e idéias.
Você é aquele que é até mesmo mais Silencioso que o Alerta.
Você é a Vida que precede o conceito de vida.
A sua natureza é o Silêncio
e não é alcançável, É desde sempre.
*
“Espaço” foi sua primeira noção
e você tomou Sat-chit-ananda* como sua primeira forma.
O mundo é a sua mente
e Tudo brota do seu Coração
Aqui e Agora é o seu coração.
*
Como Amor você aceita a caverna desse Coração
de onde todo tempo e espaço surgem.
*
Você é o Interior que não está nem dentro nem fora.
A mente não chegando a lugar algum está Dentro,
nenhuma parede está Dentro.
Você é a Existência em todos os átomos,
conheça isso e você será Felicidade.
*
Você é o Vazio, a Substância Suprema:
remover o Vazio do Vazio deixa apenas o Vazio, pois não há nada além Dele.
Tudo surge, dança ao redor e retorna a Isso.
Assim como o Oceano se torna uma onda para dançar
assim você é esse Vazio dançante!
Nada está fora desse Vazio e portanto Ele é a Totalidade.
O Vazio está entre o é e o não é.
Para ser Livre você precisa da firme convicção
de que você é esse Substrato, essa Paz, esse Vazio.
*
Você é aquilo onde todos os acontecimentos acontecem.
O que acontece, deve acontecer; assim, permaneça indiferente como Paz.
Seja Pacífico e essa Paz se espalhará.
O que surge da Paz é Paz
e o que surge da confusão é confusão.
Então Seja a Paz e dê isso ao Universo.
É tudo o que você deve fazer.
Mesmo pensar “eu sou Paz” perturba essa Paz.
Então apenas fique quieto; Seja como você é.
*
Você é “Sendo”, não “tendo Sido”,
não “seria”, mas “Sendo”.
Você é a Atemporalidade na qual nenhuma morte pode entrar
pois onde não há nenhum tempo, não há nenhuma morte.
Essa Atemporalidade é Agora e Isso é Ser
O Ser está sempre brilhando. EU SOU é a Luz do Ser.
*
Esse Diamante não pode se esconder e não pode nunca ser escondido.
Quando não há mente, a face brilha de Beleza e Inocência.
Apenas simplesmente fique sossegado; apenas seja o que você é.
*
Sri H. W. L. Poonja (Papaji)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

NÃO-AÇÃO / WU WEI



“O caminho é uma constante não-ação Que nada deixa por realizar.” Capítulo 37 – Tao Te Ching


Wu Jyh Cherng Sacerdote Taoísta Presidente da Sociedade Taoísta do Brasil

Este verso do Capítulo 37, do Tao Te Ching, traz um dos conceitos fundamentais do Taoísmo: o conceito de Wu Wei não-ação. Este conceito pode ser confundido com não fazer nada, não agir. O que o Taoísmo chama de não-ação é, na verdade, uma ação sem intenção, uma ação não intencional. É uma ação que não pressupõem intenção, mas, nem por isso, não representa o não agir. Ou seja, não-ação significa realizar as coisas com naturalidade, sem engenhosidade, sem excesso de predeterminação, sem especulação.

É não deixar de fazer as coisas porque se está premeditando ou intencionalmente evitando fazê-las. Não-ação é fazer as coisas com o coração transparente e quieto. Assim, sem preconceitos, naturalmente tudo será feito. No caminho de nossa vida, é natural comer no momento de comer, dormir no momento de dormir, trabalhar no momento de trabalhar, descansar no momento de descansar essa é a ação da não-ação.

Ação é fazer. Não-ação é não ter a intenção de fazer. É fazer sem intenção de fazer e não deixar de fazer. Isso também é chamado o Caminho da Naturalidade. O Caminho da Naturalidade não deve ser confundido com a não-ação, com a renuncia da ação. A não-ação não é desmazelo nem preguiça ou irresponsabilidade.

Devemos trabalhar com o silêncio interior. Assim, é importante a prática da meditação cotidiana: todos os dias devemos nos colocar numa posição de quietude absoluta, entrar no silêncio. Como nossa mente é muito ativa e nossas emoções muito barulhentas, existem técnicas para entrar no silêncio e anular o excesso de atividades. O propósito de entrar no silêncio é recuperar a quietude interior. Essa quietude interior é a não-ação que permite que as coisas aconteçam naturalmente, no momento adequado.

Na verdade, só podemos saber realmente o que deve ser feito se não ficarmos a todo momento pensando no que deve ser feito. É através do não pensar que alcançamos a consciência do que deve ser feito. Isso é não-ação, que permite o surgimento da ação natural.
Através da quietude, atinge-se a consciência.

Qual é a diferença entre mente e consciência? A consciência é uma mente sem pensamentos. E a mente é uma consciência com pensamentos. Quando a consciência não pára de pensar, atuando como pensamento, ela se torna mente. E a mente é aquele elemento que nos confunde em nossa vida cotidiana. Sempre existe uma palavra para contradizer outra palavra. O eu se desdobra em infinitos “eus” , como se fossem espelhos infinitos, criando infindáveis diálogos interiores.
A pessoa calma é aquela com menos diálogos interiores, com menos “eus” falando. A super atividade dos eus traz a insônia, a agitação extrema, a ansiedade.

Na meditação, a mente fica subordinada à consciência. A consciência, tendo poder sobre a mente, pode utilizá-la como um veículo de expressão e desobrigá-la, após o seu uso. Assim, a meditação é um treinamento diário que nos permite recuperar o silêncio interior.

O silêncio interior é o que Lao Zi chama de não-ação. O Tao é uma constante não-ação. A natureza essencial do Tao é o silêncio constante, uma quietude constante, um Vazio constante que permite a realização de todas expressões dentro dele. Assim como um grande espaço que permite todas as coisas existirem; como um grande silêncio que permite todas as palavras, todas as vozes, todas as expressões ocorrerem simultaneamente.

Por isso, Lao Zi diz: “O Caminho é uma constante não-ação que nada deixa por realizar”.
Se assim é o Tao, e nós podemos alcançá-lo se podemos encontrar esse Caminho do Vazio, do silêncio -, então, não há nada que não possamos fazer, ou seja, tudo podemos realizar, fazer.
Por isso, um grande mestre espiritual, quando alcança a sua realização no Tao, passa a ser polivalente. Se quiser, pode fazer poesia, pintura, tocar piano, escrever, o que quiser. Por quê? Porque quem tem o Vazio tem fluindo dentro de si todos os recursos do mundo e pode usá-los simplesmente como ferramentas.

A natureza primordial do Grande Caminho é a não-ação, é o próprio Vazio. Esse Vazio é a eternidade, o Absoluto. E dentro do Absoluto cabem todas as expressões e todas as manifestações.

Assim, quando uma pessoa consegue encontrar essa ausência da forma, na própria ausência da forma, todas as formas são permitidas de serem realizadas.

E como poderia o homem construir um mundo melhor? Através da não-ação.
Quanto menos o homem pensa, quanto menos engenhosidade ele tem, quanto menos egoísta o homem é, quanto menos convulsões emocionais e mentais ele sofre, quanto maior a quietude do homem, melhor o mundo se torna. Na verdade, assim o homem nada faz e o mundo fica perfeito.Quanto menos coisas erradas o homem faz, maior sua contribuição para o equilíbrio e a harmonia do planeta.

O tempo é infinito, não existe princípio nem fim. O que existe é a transformação natural das coisas. E essa transformação depende do homem, de seu coração em equilíbrio e harmonia. A transformação, assim, pode ser suave, sem rupturas e o homem fluirá naturalmente com a transformação em direção ao Tao.

TAO TE KING

"Só temos consciência do Belo quando conhecemos o feio. Só temos consciência do bom, Quando conhecemos o mau. O grande e o pequeno são complementares. O alto e o baixo formam um todo. O tom e o som se harmonizam. O antes e o depois seguem-se um ao outro. O passado e o futuro geram o tempo. O longo e o curto se delimitam. O ser e o não ser geram-se mutuamente. O sábio executa sua tarefa sem agir. O sábio tudo realiza - e nada considera seu. O sábio tudo faz e não se apega à sua obra."
Lao tse

domingo, 19 de abril de 2009

A NOITE ESCURA DA ALMA


Pela Monja Isshin

Encontrei uma expressão Chan (Zen chinês) que diz:

"Grande dúvida, grande iluminação.Pequena dúvida, pequena iluminação.Nenhuma dúvida, nenhuma iluminação."

A tradição nos ensina que existem três pre-requisitos para a prática verdadeira: Grande Dúvida, Grande Fé e Grande Determinação.

1. Grande Dúvida
A maioria das pessoas chegam à prática espiritual motivada por um sofrimento que deu origem a um questionamento. Quase sempre, a pessoa está fazendo uma pergunta do tipo "Por que está acontecendo 'x'?" ou "Por que eu?"

Muitas destas pessoas nem dão continuidade num centro de prática séria, e vão embora depois de uma, duas - algumas - visitas. Outras pessoas, depois de algumas sessões de meditação, sentindo algum alívio do problema imediato que as trouxeram até o zazen, já relaxam os seus questionamentos. Talvez até se tornem associadas, até venham a se considerar "praticantes". Mas a verdade é: não chegaram a fazer a pergunta essencial, não se abriram para a "Grande Dúvida" e, assim, ainda não entraram realmente no caminho espiritual.

Algumas poucas pessoas, ao passar por uma situação de dificuldade, acabam aprofundando as perguntas iniciais ("Por que eu?", "Por que está acontecendo 'x'?") para começar a questionar: "Quem sou eu?", "Qual é o significado da minha vida?", "Qual o sentido da vida e da morte?".

Estas são perguntas da "Grande Dúvida" - o início da caminhada espiritual. A tradição Rinzai Zen usa os 'koans
' para provocar a Grande Dúvida. Quanto mais intensamente se vivencie a Grande Dúvida, tanto maior será a "iluminação" obtida. Acredito que, na nossa realidade de seres humanos, as nossas "iluminações" são, na verdade, "pequenas iluminações", pois a diferença entre "ter uma ou algumas experiências de iluminação" e "se tornar uma pessoa iluminada", ou "se tornar uma pessoa que manifeste plenamente a sua iluminação", é igual a diferença entre água e vinho.

Os mestres também nos ensinam que aquela pessoa que se acha "iluminada", não é. Ainda nos ensinam que a prática deve ser constante e pelo resto da vida - e próximas vidas, também.

Portanto, sempre que acreditamos que encontramos uma resposta à "Grande Dúvida", é importante que recoloquemos a pergunta e sigamos além, além da resposta atual, além da nossa compreensão deste momento, sempre além, sempre nos aprofundando mais e mais.

O grande perigo aqui está em achar que encontramos "A Resposta" e que a "Grande Dúvida" já acabou. Vamos cair numa complacência, arrogância - talvez até nos posicionando como prontos para liderar outras pessoas, mas, na realidade, estamos nos iludindo e iludindo os outros. De certa forma, a nossa caminhada espiritual foi abandonada. O nosso Zazen se tornou um zazen de conforto, um zazen de consumo. Sempre podemos encontrar mais um pedaço da resposta à "Grande Dúvida".
Mas, vamos dizer que você está com o seu questionamento "à flor da pele". Entrou no caminho espiritual e iniciou uma prática. Aí surge a questão da fé.

2. Grande Fé

O segundo elemento essencial a uma boa prática é uma "Grande Fé".. Fé na prática, fé nos ensinamentos, fé no professor - um ser humano, com falhas humanas, que tem mais experiência no Caminho e algum tanto de "iluminação" manifestada. E, mais ainda, fé na sua possibilidade de poder manifestar a sua própria iluminação, de encontrar a "resposta" de sua Grande Dúvida.

Inicialmente, pode ser que parte desta fé você encontre depositando fé nos outros. Você gostou e confia no seu Professor de Dharma. Ou admira um praticante budista e confia nele. Mas os seres humanos são literalmente isto - seres humanos, sujeitos a falhas. Podem nos desiludir. Mais ainda, uma das funções dos Professores de Dharma é de "puxar o tapete" debaixo de nossos pés. Podem até nos provocar, fazendo com que manifestemos a nossa "sombra", na esperança de que possamos "iluminar" este aspecto nosso que foi trazido à luz. Nestas horas, podemos até nos sentir "traídos" pelo Professor, enquanto não estamos compreendendo o que ele está tentando nos ensinar. Portanto, temos que ir além desta fé inicial, depositada em seres humanos externos à nos mesmos. De um lado, temos que amadurecer e aprofundar a nossa fé no Professor e outros seres humanos, temperando-a com fé nos ensinamentos e no próprio Dharma - passo-por-passo.

E os ensinamentos, que foram transmitidos já durante 2.600 anos - podemos depositar fé neles? Podemos, mas isto também tem suas limitações, pois a transmissão dos ensinamentos depende da comunicação e das palavras, sempre sujeitas às mais variadas interpretações. Transcrições de diálogos entre grandes mestres e os seus alunos não nos transmitem o contexto, o cenário, todos os detalhes que fizeram com que aquelas palavras fossem as mais apropriadas para aquele aluno naquele momento.

No Zen encontramos inúmeros exemplos de professores que, num momento dizem uma coisa e, em outro momento, dizem exatamente o contrário. Será que estão mentindo? Será que são loucos? Ou será que estão simplesmente falando exatamente aquilo que é mais apropriado para aquele momento, aquele contexto, aquele aluno - para convidá-lo a tomar o próximo passo de aprendizagem? Como alunos do Zen, existem momentos que podemos nos desesperar com um professor que parece estar se contradizendo. Como é forte, nestes momentos, o sentimento de "mas você não falou 'x' antes? Por que está falando 'y' agora? Qual é a verdade, 'x' ou 'y'?"

Conheço uma mestra moderna que faz isto o tempo todo. Será que ela é louca? Não acho, não. Acho que ela está simplesmente me desafiando a mergulhar para dentro e encontrar a MINHA verdade - e desafiando outras pessoas com quem ela faz a mesma coisa a fazer o mesmo mergulho para dentro. Não é um processo fácil. Mas certamente me oferece a oportunidade de me aprofundar na fé verdadeira que preciso cultivar - a Grande Fé. Fé na minha própria Natureza Buda, fé no Universo, fé no Dharma, fé na minha prática, fé em mim mesma. Fé para atravesar a noite escura da alma - ou as noites escuras da alma. É aí que entra o terceiro pre-requisito da prática.

3. Grande Determinação

Sem a Grande Determinação, não vamos conseguir atravessar a noite escura. Se falhar a nossa determinação, vamos acabar "voltando para trás" em lugar de completar esta etapa da jornada. Não vamos chegar até o raiar do novo dia, aquele pedaço de Iluminação que seria resultado de nosso questionamento, fé e determinação.
Se a nossa determinação for fraca, vamos falhar. Se a nossa determinação depende de outras pessoas para nos apoiar, vamos falhar. Pois a noite escura da alma é exatamente isto. É um momento em que nos sentimos totalmente sós - a nossa dúvida nos consumindo, a auto-confiança cambaleada, a nossa fé no limite - só vemos escuridão e é somente a nossa determinação que nos segura no caminho. Afinal, o momento mais escuro da noite é o momento anterior ao nascer do Sol. E é a mesma coisa na jornada espiritual.

Se iniciamos a jornada com uma pequena dúvida, a noite escura vai ser "pequena" e o raiar do Sol também. Mas se o nosso primeiro passo foi baseado numa GRANDE Dúvida, a noite escura vai ser igualmente GRANDE. A crise - mistura de perigo com oportunidade - vai ser GRANDE. Para atravessar esta noite escura, vamos ter que descobrir, dentro de nós, fé da mesma grandeza e, por fim, GRANDE Determinação - talvez aquela determinação que diz: "mesmo que perca tudo, não arredo o pé daqui", "mesmo que eu tenha que morrer tentando, não desisto", "mesmo que estejam todos me chamando de louco, não saio deste caminho", "mesmo que todos os meus amigos me abandonem, não abro mão". Talvez a vida vá nos exigir uma entrega total, a "morte simbólica", morte do ego, morte para tudo que pensávamos que importava. Mas, na realidade, a vida está nos convidando a passar pela morte dos condicionamentos - nos convidando à Libertação.
No meio da noite escura da alma passamos por uma fase de ficar só enxergando as perdas, as "mortes". Talvez percamos contato com a nossa fé. Talvez nos entreguemos ao medo. Talvez não resistamos às pressões e voltemos correndo, tentando voltar à nossa zona de conforto anterior, voltar à harmonia conhecida, voltar às amizades e relacionamentos antigos que não queremos arriscar perder, buscando apoio externo na falta de nosso próprio apoio interno. Quantas e quantas pessoas fraquejam neste ponto, justo quando estão quase lá, quase vencendo esta fase da jornada. Que tristeza! É como se vendessem a alma, caissem em "tentação".

É por isto que todas as tradições espirituais falam da dificuldade da jornada. Todas as tradições espirituais têm a sua forma de descrever o processo de passar pela "noite escura da alma". Algumas tradições xamânicas ou indígenas usam "jornadas interiores" indo ao encontro da morte e renascimento simbólicos, desmembramento e "re-membramento" simbólicos, para facilitar esta passagem. A tradição budista nos fala da determinação de Buda quando ele sentou embaixo da figueira, decidido a não se levantar dali até que encontrasse a resposta, a Iluminação. Fala, em linguagem simbólica, dos ninhos que pássaros construiram em seu cabelo, das teias que as aranhas teceram, das plantinhas que cresceram entre os dedos dos seus pé - tudo para nos ajudar a imaginar uma determinação tão firme, inquebrantável, que permitisse que ficasse lá - sentado em meditação - o tempo suficiente e com a "imobilidade" - firmeza de propósito - suficiente para atingir a Iluminação.

Lembro-me de momentos de dúvida (dúvidas que pareciam bastante grandes para mim, na época), onde toda a minha fé foi posta à prova e onde parecia que a minha determinação não ia agüentar - e lembro-me dos raiares do Sol que vieram no final daquelas noites escuras da alma. Não posso dizer que eu tenha atingindo qualquer GRANDE Iluminação, mas com certeza, sinto que posso dizer que cheguei em algumas pequenas iluminações, de acordo com a minha capacidade de ter uma dúvida, de cultivar a fé e de achar dentro de mim mesma a determinação de prosseguir até a hora do Sol nascer.

Como será que isto vai acontecer? Como será o momento da virada, de uma pequena iluminação? Vai ser o seu momento, único, totalmente diferente dos meus momentos - e nem para mim um momento será igual ao outro.. Só posso compartilhar que, para mim, a virada vinha muitas vezes quando eu finalmente parava de lutar contra os acontecimentos e me entregava totalmente. Sabia que a gente tem todo o direito de espernear e reclamar tudo que quiser neste universo? Só que o Dharma simplesmente vai continuar procurando nos ensinar. Então não precisa se sentir culpado por passar por uma fase de "briga com o universo" antes de chegar numa entrega! Outras vezes, a virada veio quando finalmente percebi a "comédia dos absurdos" numa situação e caí nas gargalhadas, de corpo e alma. De qualquer forma, a virada vinha quando algo dentro de mim mudou. A mudança nunca vinha de fora, só de dentro. Este que é o detalhe importante: a mudança tem que vir de dentro.

A noite passa. O novo dia nasce. A Luz retorna. Portanto, se você estiver atravessando uma noite escura da alma, não abra mão de sua fé, não vacile na sua determinação. Não tente voltar ao "conforto" ou "harmonia" ou "segurança" anterior. Se, no seu coração você sabe que está ouvindo a voz de sua Natureza Buda, prossiga firme. Mergulhe, deixe que a Grande Dúvida lhe "consuma" até os ossos, até a medula, até restar somente o grande Vazio. Estique a sua fé, mantenha a sua determinação - e atinja mais um pedaço da Iluminação. O importante é de sempre manter-se firme na busca de Sabedoria e Compaixão.

Se você está com mais Sabedoria e Compaixão, mais Paz e Tranqüilidade no "dia seguinte", saberá que atravessou a noite. Mas, se está com alguma raiva, algum mal-estar, alguma inquietação, saberá que ainda não terminou a travessia ou, pior, saberá que desistiu no meio do caminho e voltou para trás. Mesmo assim, não perca esperanças, não se critique, não se julgue. Você fez o seu melhor. Aprenda com o processo.. Veja onde "falhou", onde "errou" e comece de novo. A vida sempre nos oferece novas oportunidades. Temos todo o tempo do universo para nos iluminar - kalpas e kalpas estão à nossa disposição!

Então, não tenha medo. A noite passa.
Que os méritos de nossa prática se estendam a todos os seres e que possamos todos nos tornar o Caminho Iluminado.
Gassho.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Filmes III

NIJINSKY
"Nijinsky, uma história real" é a biografia de um dos talentos mais controvertidos e brilhantes do século XX; o bailarino e coreógrafo do legendário Ballets Russos de Diaghilev. Foi ele que eletrizou o mundo ocidental na primeira temporada do balé russo a ser vista fora da Rússia, Vaslav Nijinsky, cintilava como um meteoro correndo o céu, ofuscando os espectadores com seu gênio artístico.
“Dançar é estabelecer um contato visceral com forças misteriosas da natureza; é chegar às máximas possibilidades de articulação do corpo humano em harmonia com os sons em volta. Dança é, muita além disso: acompanhar a música interior que torna divino o meramente humano, é ser ao mesmo tempo deus e demônio, pela sublimidade do movimento”
(Adler Stern)

DERSU UZALA
Produção soviética dirigida por um dos maiores diretores japoneses de todos os tempos, Akira Kurosawa. Melhor filme do Festival de Moscou e Oscar de melhor filme estrangeiro em 1976, Dersu Uzala, dos livros de viagem do explorador russo Vladimir Arseniev, conta uma bela história de amizade entre duas pessoas. Em 1902, numa região selvagem ao longo do rio Ussuri, na divisa entre a Sibéria e a Mandchúria, um simples e solitário caçador mongol (toda a família foi morta por uma epidemia de peste), nômade da taiga siberiana, encontra com a pequena expedição cartográfica do capitão russo Arseniev, com o qual inicia uma profunda amizade. Dersu é convidado pelo russo para servir de guia ao grupo, aceita o convite e se mostra bastante útil, ensinando a todos os segredos na natureza, e até salvando a vida de Arseniev numa noite de intensa tempestade de vento. Depois é o russo que salva a vida de Dersu. Os dois amigos sofrem com a despedida quando termina a expedição, mas voltarão a se encontrar na segunda expedição cartográfica, em 1907, onde o russo descobre que Dersu está ficando cego. Arseniev, temendo pela vida do amigo, convence Dersu a abandonar a floresta e ir morar com ele e sua família na cidade, mas o velho caçador sentirá muita nostalgia da taiga. O músico e ator amador Maksim Munzuk interpreta brilhantemente Dersu, o velho caçador que vive em harmoniosa simbiose com a natureza, fala com o fogo, com as plantas e com os animais. Dersu Uzala é um filme de intensa beleza e poesia, que transmite um enorme respeito pela natureza e pela vida.


PERFUME
O filme retrata a saga de Jean - Baptiste Grenouille, um homem sem cheiro natural, que nasce em meio à podridão de uma peixaria. A mãe abandona-o à morte, mas ele acaba sendo resgatado, enquanto sua mãe é condenada à decapitação. O fato de Grenouille não ter cheiro algum faz com que ele parta em busca de sua identidade "do seu cheiro" característico, do seu perfume perfeito.
Ao final da trama, ele mata mais de 24 moças e finalmente consegue o perfume extraído do "cheiro" delas.
Ele é preso e condenado, mas no dia da execução faz uso do perfume e toda a população é inebriada e acaba vendo-o como um Deus - essa é outra carcterística épica (idealizar homens como se eles fossem deuses poderosos).

PODER ALÉM DA VIDA

Este filme reune as características de um bom filme; bom humor, romance, suspense e ainda passa uma mensagem de superação pessoal e espiritual. Mostra que o que importa de verdade é o que vem de dentro das pessoas. E que a partir do momento que se desapega de certas coisas, passa-se a enxergar a vida de outra forma. Poder Além da Vida passa uma mensagem que, o que é importante não é o fim mas a própria jornada. É acreditar em si próprio, é saber que é capaz!

Filmes II


O FABULOSO DESTINO DE AMELIE POLAIN
O filme conta a história de Amélie, uma menina que cresceu isolada das outras crianças. Isso porque seu pai achava que Amélie possuia uma anomalia no coração, já que este batia muito rápido durante os exames mensais que o pai fazia na menina. Na verdade, Amélie ficava nervosa com este raro contato físico com o pai. Por isso, e somente por isso, seu coração batia mais rápido que o normal. Seus pais, então, privaram Amélie de freqüentar escola e ter contato com outras crianças. Sua mãe, que era professora, foi quem a alfabetizou até falecer quando Amélie ainda era menina. Sua infância solitária e a morte prematura de sua mãe influenciaram fortemente o desenvolvimento de Amélie e a forma como ela se relacionava com as pessoas e com o mundo depois de adulta.

Após sua maioridade, mudou-se do subúrbio para o bairro
parisiense de Montmartre onde começou a trabalhar como garçonete. Certo dia, encontra no banheiro de seu apartamento uma caixinha com brinquedos e figurinhas pertencentes ao antigo morador do apartamento. Decide procurá-lo e entregar o pertence ao seu dono, Dominique, anonimamente. Ao notar que ele chora de alegria ao reaver o seu objeto, a moça fica impressionada e remodela sua visão do mundo.

A partir de então, Amélie se engaja na realização de pequenos gestos a fim de ajudar e tornar mais felizes as pessoas ao seu redor. Ela ganha aí um novo sentido para sua existência. Em uma destas pequenas grandes ações ela encontra um homem por quem se apaixona à primeira vista. E então seu destino muda para sempre...




A MONTANHA SAGRADA

Jodorowsky interpreta o papel do "alquimista" que reúne um grupo de pessoas que representam os planetas do Sistema Solar. Sua intenção é submeter o grupo a uma série de ritos de natureza mística para que se desprendam da bagagem "mundana" antes de embarcar numa viagem em direção à misteriosa Ilha de Loto. Uma vez na insula, iniciam a ascensão à Montanha Sagrada para substituir os Deuses imortais que em segredo dominam o mundo. Ninguém havia visto nada igual até a data de lançamento deste filme. Foi a grande obra ovacionada no Festival de Cannes em 1973.




PONTO DE MUTAÇÃO

Neste cenário consciencial, três personagens se encontram: uma física afastada do trabalho, por conflitos éticos, vivida pela maravilhosa Liv Ullman; um candidato a presidencia dos EUA derrotado nas eleições (Sam Waterston) e um poeta que acabou de viver uma decepção amorosa (John Heard).

Um político americano deprimido vai à França visitar um velho amigo poeta. Lá conhecem a cientista Sonia e juntos tecem uma profunda discussão sobre aspectos da humanidade.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Filmes


A Cidade das Sombras(Dark City)
Ficou chocado?
Será que esse filme vai servir para você PENSAR e realmente e tentar descobrir quem você É?
Ou é apenas mais um filme que você viucompletamente adormecido- e acha que não tem nada com isso?
De que realmente sofremos: amnésia, sono ou falta de interesse pelo que nos rodeia?





A Lenda do Pianista do Mar -------------------->
Que tal exercer completo controle sobre seu PEQUENO ambiente?
Aquela música era a essência da vida dele -a VIDA que ele não viveu.



Pense:
VIDA é algo que acontece enquanto a gente está pensando em outra coisa...







Alice no País das Maravilhas

Que analogias podemos fazer com alimento e crescimento, neste conto?
Temos
três tipos de alimento.

Você tem que mudar constantementepara se adaptar ao meio ambiente?

Alice vai atrás do Coelho Branco, sempre preocupado com o tempo, e entra numa toca subterânea... pode isso ser o inconsciente?









Lendas da Vida ---------------------------------->


Algumas frases filosóficas:

Jogue o Jogo, aquele que foi dado a Você.

Ele aprende a fazer "reserva de energia' como ensina seu professor paranormal.

Precisa enfrentar seus próprios demônios.

Claro, ele não está sozinho neste desafio — tem um auxiliar misterioso, Bagger Vance, que ao invés de conselhos técnicos lhe dá orientação filosófica..

Bagger Vance tem uma presença calma e lúcida, trazendo
mensagens transcendentais, sobre como redescobrir seu "balanço autêntico" — isto é, a manifestação própria de sua essência.

Nas Asas do Desejo

Na Berlin de após guerra, anjos encasacados ouvem os pensamentos tumultuosos dos mortais e tentam confortá-los.

Um desses anjos, Damiel, deseja se tornat mortal, após apaixonar-se por uma linda artista do trapézio.

O filme mostra as alegrias simples da experiência humana. Contado do ponto de vista do anjo, o filme é feito em preto-e-branco, tomando cor apenas quando os anjos percebem as realidades dos homens





Encontro Com Homens notáveis ------->

Esta obra fantástica iniciática do Esoterismo Oriental e Ocidental,narra a vida do mestre Gurdjieff, considerado um dos maiores espirituaistanto do oriente quanto do ocidente, unindo tradições da Yoga e Sulfismo.Esse filme raro mostra sua vida, os Mestres do Caminho com cenas de profundo significado espiritual, a senda dos antigos mestres Panishas, os músicos que dominam as notas do universo, a busca pelo verdadeirosentido da vida e os perigos do caminho.







O Show de Truma

Truman vive uma vida comum e agradável,não notando que tudo é uma grande ilusão.
Apesar de inúmeras pistas à sua volta,impossíveis de serem totalmente escondidas,ele custa muito a desconfiar.
Um dia, finalmente, começa a perceber que seu mundoestá cheio fenômenos inexplicados
Só então tem início sua verdadeira vida.

— E nós? Qual é o preço do nosso bem-estar,da nossa segurança e da nossa ignorância?Estaremos sendo manipulados,ao pensar que manipulamos?Teremos às vezes fantasias paranóicas,ou o mundo ao nosso redor pode ser “ligeiramente”diferente do que acreditamos que seja?
O "mundo" acaba numa parede pintadaou existe algo mais além?
Qual é o nosso papel no roteiro do universo?
Podemos fazer alguma coisa,ou vamos deixar o show continuar?




Quem somos nós?(What the Bleep Do We Know!?)

Este filme é uma fuga radical das convenções. Demanda uma liberdade de visão e grandeza de pensamento até então desconhecidas.








Sobre o Regulador

Enfoque interesante. Muito necessário ver como uma afirmaçao da neurociencia e da psicología, como a de que a personalidade termina aos 35 anos, se moveu até indicar, neste momento, que há movimento e plasticidade até qualquer idade.Tudo o que disse este senhor, sem que usem esta terminología, você encontra em Allan Watts, Krishnamurti, Castaneda, etc., há longo tempo. Mas agora, como se trata de algo que foi dito por alguém certificado das mesmas Universidades que constantemente devem mudar suas afirmações, as pessoas sentem que devem ir por este caminho.“ Podemos reprogramar nosso cérebro para mudar o comportamento”. É o que disse Dispenza, mas para que voltar a reprogramar? E se ao invés de voltar a fixar-se, tem-se um cérebro muito arborizado, com disponibilidade para usar, quando assim o requerer o momento da ação imediata. Isto permitiria, como disse o Tao Te Ching, acender um circuito que lhe corresponda a cada fato. Isto economiza a energia para mantê-lo conectado.“ Podemos reprogramar nosso cérebro para mudar o comportamento”Entrevista de Joe DispenzaHá mais de vinte anos, Joe Dispenza (um dos mestres de “ O Segredo”) foi atropelado por uma caminhonete quando participava de um triatlo. O diagnóstico dos quatro cirurgiões que consultou coincidia. Ele teria que ser operado imediatamente, deveriam implantar-lhe barras de Harrington ( de 20 a 30 cms desde o pescoço até a base DA coluna), já que a tomografia demonstrava que a medula estava lesionada e ele poderia ficar paralisado a qualquer momento.Dispenza, que era quiroprático, sabia muito bem o que isto significava: uma incapacidade permanente e muito provavelmente com dor constante. Sua decisão foi arriscada: tentaria ajudar seu corpo a se recuperar de maneira natural, conhecia bem todo o concernente a ossos e músculos e idealizou um plano de ação que incluía auto-hipnose, meditação, uma dieta que ajudasse seus ossos a se regenerarem e certos exercicios na água. Se recuperou totalmente em um tempo recorde e decidiu aprofundar-se no tema.Durante oito anos estudou as remissões espontâneas de doenças e os resultados o surpreenderam tanto, que decidiu voltar à Universidade para tentar explicar científicamente o que havia descoberto: o poder de nosso cérebro como diretor executivo do corpo.Joe Dispenza estudou Bioquímica na Universidade Rutgers de New Brunswickle, em Nova Jersey e obtuve o doutorado em Quiroprática na Life University de Atlanta, com licenciatura magna e recebeu o premio Clinical Profecienciy Citation, pela extraordinária qualidade de sua relação com OS pacientes. Membro da Intertational Chiropractic Honor Society, cursou estudos de pós-graduação em neurologia, neurofisiología, função cerebral, biología celular genética, memorização quimica cerebral, envelhecimento e longevidade. Desde 1977 tem dado conferencias para mais de dez mil pessoas em 17 países dos cinco continentes. No final de maio, falou em Madrid e Barcelona, coincidindo com a edição espanhola de seu livro, Desenvolva seu cérebro.” Podemos mudar a mentalidade e criar novas conexões no cérebro e fortalecê-las com nosso pensamento” Como começou a interessar-se pelo cérebro?Entrevistei centenas de pessoas que tinham sido diagnosticadas com enfermidades – tumores malignos e benignos, enfermidades cardíacas, diabetes, alterações respiratórias, hipertensão arterial, colesterol alto, dores músculo- esqueléticas raras, alterações genéticas para as quais a ciencia médica não tem solução…mas cujo corpo se regenerou por is só, sem a ajuda de uma intervenção médica convencional como a cirurgia e os remédios.Milagre?Observei que uma das causas principias destas remissões espontâneas era que haviam mudado sua forma de pensar, assim voltei à Universidade e fiz a carreira de neurociencias para poder explicar o que ocorria.Quando afirmo que nossos pensamentos se convertem literalmente em matéria, me baseio na mais pura vanguarda cientifica. Basicamente estes individuos mudaram a arquitetura neurológica de seu cérebro.Estimulante curiosidade a sua.Todas estas pessoas que tinham uma remissão espontânea compartilhavam quatro qualidades específicas. O primeiro é que todas aceitaram, creram e entenderam que há uma inteligencia superior dentro delas, e igualmente a qualificavam de divina, espiritual ou subconsciente.O segundo é que todas aceitaram que foram seus próprios pensamentos e suas proprias reações que criaram sua enfermidade e, posso falar e citar estudos sobre qualquer destes temas durante meia hora. Há um florescente campo cientifico chamado psico-neuroimunologia que demonstra a conexão existente entre a mente e o corpo.Eu acredito em você, mas avancemos em suas conclusões.A terceira caracteristica comum é que cada pessoa decidiu reinventar-se a si mesma para chegar a ser outro e os estudos atuais em neurociencias mostram que isto é totalmente possivel.Por último, tinham em comum que durante o período em que tentavam meditar ou imaginar em que queriam converter-se, houve grandes períodos em que perderam a noção do tempo e do espaço.E o que isto significa?O lóbulo frontal representa uns 40% da totalidade do cérebro e quando estamos verdadeiramente concentrados ou focalizados, o lóbulo frontal atua como um controle de volume. Como tem conexões com todas as demais partes do cérebro, posso abaixar o volume do tempo e do espaço. Em outras palabras, os circuitos que tem a ver com mover o seu corpo, senti-lo, perceber o que há fora e perceber o tempo, passa a um segundo plano e o pensamento se converte na experiencia em si, é mais real que qualquer outra coisa.Deste modo, o lóbulo frontal elimina tudo o que não é prioritário, para focalizar-se num único pensamento e é neste momento que o cérebro refaz sua conexão.Em que se traduz?Aquilo no que pensamos e no que concentramos nossa atenção com mais frequência é o que nos define na escala neurológica.Um recente estudo demonstra que as grandes ideáis surgem quando alguém está relaxado, pensando em outras coisas.Entre a intenção e o render-se.Antes se acreditava que a parte direita do cérebro é a parte emocional ou sentimental, o lado criativo, e a esquerda, a racional ou lógica. Mas de fato o lado directo do cérebro é responsavel por processar a novidade cognitiva, as novas ideáis, que quando já estão memorizadas, quando se convertem em familiares, passam para o lado esquerdo do cérebro. É o que conhecemos como rotina cognitiva.Mudar as marchas do carro?Todas estas coisas que podemos fazer sem pensar, sim. Esta é a razão pela qual quando um aprendiz escuta música, ele a ouve com o lado direito do cérebro, mas um músico profissional o faz com o esquerdo. Isto significa que temos a oportunidade de aprender coisas novas e recordá-las, é a maneira que tem a evolução de fazer conhecido o desconhecido. Podemos mudar nossa mentalidade. Ao criar novas conexões e fortalecê-las com nosso pensamento dando-lhes prioridade, os que não utilizamos tendem a desaparecer.Você fala de inteligência espiritual, o que é isto, como se explica a partir de um ponto de vista cientifico?Não há nada de mistico nela. Se trata da mesma inteligência que organiza e regula todas as nossas funções corporais. Esta força faz com que nosso coração bata ininterruptamente umas cem mil vezes a cada dia, sem que sequer pensemos nele, e se encarrega das sessenta e sete funções do fígado ainda que a maioría das pessoas nem sequer saiba que este órgão realiza tantas tarefas.Esta inteligência sabe como manter a orden entre as células, os tecidos, os órgãos e os sistemas corporais porque foi ela quem criou o corpo a partir de duas células individuais.O poder que dá origem ao corpo é o poder que o mantém e o cura?O cérebro não pode mudar o cérebro porque é somente um órgão e a mente não pode mudar o cérebro porque é um produto do cérebro. Assim, tem que existir algo que está operando no cérebro para que mude a mentalidade.Como define este algo?Ha, Ha, Ha, esta é uma pergunta muito filosófica, duas garrafas de vinho e talvez quatro horas, porque se trata da busca do ser. Mas neste momento é curiosamente a ciencia que nos permite explicar que efetivamente temos controle sobre nossa mente e nosso cérebro, ou seja, que não somos um efeito de nossos processos biológicos, e sim a causa. Básicamente mais além de meus estudos sobre as remissões espontâneas de enfermidades, o que tento transmitir-lhes é que nossos pensamentos provocam reações quimicas que nos levam a adição de comportamentos e sensações, que quando aprendemos como se criam estes maus hábitos, não só podemos rompê-los mas também reprogramar e desenvolver nosso cérebro para que apareçam em nossa vida comportamentos novos.E a predestinação genética?A investigação cientifica de vanguarda está mostrando que a genética tem a mesma plasticidade que o cérebro. Os gens são como interruptores e é o estado quimico em que vivemos o que faz com que alguns estejam acesos e outros apagados.Foi realizado um estudo muito interessante no Japão com doentes dependentes de insulina tipo dois, que mostrava como os doentes submetidos a programas de comédia normalizavam seu nivel de acúcar no sangue, sem necessidade de insulina. Vinte e quatro gens ativados só pelo fato de rirem. Os gens são iguais em plasticidade ao nosso tecido neuronal.Cada vez que pensamos fabricamos substâncias quimicas?Assim é, e estas substâncias por sua vez são sinais que nos permitem sentir exatamente como estávamos pensando. Então, se tens um pensamento de infelicidade, ao final de alguns segundos te sentes infeliz. O problema é que no momento em que começamos a sentir da maneira que pensamos, começamos a pensar da maneira que sentimos e isto produz ainda mais quimica. Um círculo vicioso.Sim e assim se cria o que chamamos o estado de ser. A repetição destes sinais faz com que alguns gens estejam ativados e outros apagados. Memorizamos este estado com nossa personalidade, a pessoa diz: “ Sou uma pessoa infeliz, ou negativa, cheia de culpa”, mas na realidade a unica coisa que ela fez foi memorizar sua continuidade quimica e definir-se como tal. Nosso organismo se acostuma com o nivel de substâncias quimicas que circulam por nossa corrente sanguinea, rodeiam nossas células ou inundam nosso cérebro. Qualquer perturbação na composição quimica constante e regular e confortavel de nosso corpo, resultará num mal estar.Estamos atrelados à nossa quimica interna.Sim, faremos praticamente tudo o que esteja em nossa mão, tanto consciente como inconscientemente e a partir do que sentimos, para restaurar nosso equilibrio quimico costumeiro. É quando o corpo já manda na mente.Propõe mudar a quimica cerebral com nosso pensamento?É uma parte de meu trabalho, não se trata só de mudar a quimica cerebral, mas também os circuitos cerebrais e suas conexões. Se podemos forçar o cérebro a pensar com outros padrões ou sequências, estamos criando uma nova mente. O principio da neurociencia é que as células neuronais se ativam conjuntamente e se entrelaçam, criando uma conexão mais permanente.Uma pessoa que diante de uma situação, por mais nova que seja, recorre a estas conexões, repete o mesmo pensamento uma e outra vez e dá as mesmas respostas, seu cérebro não muda, vive com a mesma mente a cada dia.Como interromper este ciclo?Através do processo de conhecimento e da experiencia podemos mudar o cérebro. É uma boa idéia examinar constantemente o que podemos mudar dentro de nós. Se a cada manhã nos questionassemos qual é a melhor idéia que podemos ter de nós mesmos, teríamos um outro tipo de mundo.Que perguntas devemos nos fazer para nos sentirmos de outra maneira?A maioria das pessoas crê que as emoções são reais. As emoções e os sentimentos são o produto final, o resultado de nossas experiencias. Se não há experiencias novas ou vividas de outra maneira, vivemos sempre na atualização de sentimentos passados. Trata-se do mesmo processo quimico, uma vez atrás da outra. Uma pergunta que nos ajudaria a mudar é: que sentimento tenho a cada dia que me serve de desculpa para não mudar?Se as pessoas começam a dizer a si mesmas: eu posso eliminar a culpa, a vergonha, as sensações de não merecer, de não valer…. se podemos eliminar estes estados emocionais destrutivos, começamos a libertar-nos, porque são estes estados emocionais que nos impulsionam a nos comportarmos como animais, com grandes depósitos de recordações.Qual é o maior ideal de mim mesmo? O que posso mudar em mim para ser uma pessoa melhor? A quem na história admiro e com quem quero me igualar?Mas saber quem você quer ser não é suficiente para mudar sua conexão.Não. O conhecimento é o que precede a experiencia. Aprender uma informação é personalizá-la e aplicá-la. Devemos modificar nosso comportamento para poder ter uma nova experiencia, que por sua vez crie novas emoções.O conhecimento é para a mente, a experiencia para o corpo. Temos que ensinar ao corpo o que a mente entendeu intelectualmente. Se seguimos repetindo, esta experiencia se arquiva em um sistema novo no cérebro e isto permite passar do pensar ao fazer, ao ser. O passo seguinte é mudar hábitos de comportamento, tem que haver ação. O maior hábito que temos de romper é o de sermos nós mesmos, porque a neurociencia e a psicologia dizem que a personalidade já está formada antes dos 35 anos e isto significa que temos os circuitos feitos para poder enfrentar qualquer situação e, portanto, vamos pensar, sentir e atuar da mesma maneira o resto de nossos dias. Mas os últimos estudos mostram que é possível mudar a personalidade em todas as etapas da vida. Para isto é preciso converter o hábito inconsciente em algo consciente, chegar a ter consciênca destes pensamentos e sentimentos inconscientes.Isto são 20 anos de psicanálise?Ainda que chegues a entender intelectualmente que teu pai era muito dominador, isto não muda tua condição. O primeiro passo sempre é aprender. Enquanto vamos aprendendo nova informação e começamos a pensá-la, a contrastamos com nossas crenças e a analisamos, estamos mudando nossa conexão, construindo uma nova mente.Uma vez que esta nova mente esteja estabelecida, temos que começar a pensar como mostrá-la e aí entra o corpo. Qualquer processo de mudança requer o desaprender e o reaprender

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O Fundamento da Meditação





Inicialmente, eu gostaria de lhes dar as boas-vindas, porque vocês têm uma aspiração pelo divino, porque vocês desejam ir além da vida comum, em direção à vida de um buscador, e porque, apesar de seus desejos mundanos, vocês têm uma sede pela verdade. As pessoas que sentem a sede pela verdade são afortunadas. Entre milhões de pessoas que nascem, somente umas poucas sentem a aspiração pela verdade. Conhecer a verdade é uma grande bênção, mas até mesmo a aspiração por ela já é uma grande bênção. Ainda que você não a alcance, já está o.k.; mas nunca ter experienciado a sede é um grande infortúnio. Eu gostaria de dizer que não é importante conhecer a verdade. O que é importante é aspirar por ela, é você fazer todo esforço para experienciá-la, é trabalhar arduamente por ela e ansiar por ela, é estar determinado e fazer tudo o que for possível para tal fim. Se, apesar disso, você não alcançá-la, não importa. Mas nunca ter experienciado esta sede, esta é a maior tragédia. Conhecer a verdade não é tão importante quanto ter um autêntico anseio por ela. Tal anseio é uma alegria em si mesmo. Se o desejo é por alguma coisa insignificante, não haverá alegria alguma, mesmo que ela seja obtida; mas se você anseia por algo significante, pelo sublime, ainda que não o alcance, você será preenchido com alegria. Eu repito: se desejar uma coisa pequena e obtiver, você não será tão feliz como se aspirar pelo sublime ainda que não o alcance... Ainda assim, você estará preenchido com alegria e felicidade. O divino nascerá em você de acordo com a intensidade com que você busca por ele. Isto não significa que alguma alma ou energia suprema virá de fora e penetrará no seu ser. A semente já está presente dentro de você e ela começará a crescer. Mas ela crescerá apenas se você for capaz de dar algum carinho, algum calor e algum fogo à sua sede. Quanto mais você aspirar pelo divino, maior será a possibilidade de crescimento da semente que está escondida dentro de seu coração, maior a possibilidade de que ela germine e se torne divina, de que ela se abra e floresça. Se você já pensou em experienciar o divino, se já experienciou um desejo pelo silêncio, pela verdade, então sabe que a semente dentro de você está ansiando por germinar. Isto significa que alguma sede escondida dentro de você quer ser saciada. Tente entender que uma luta está sendo travada dentro de você, e você terá que ajudar nessa luta, dar apoio. Você terá que dar apoio porque não basta a semente ter germinado, também é necessário um ambiente mais nutritivo. E mesmo que a semente tenha germinado, isto não significa que ela irá desabrochar em flores. Para isto, muito mais será necessário. De muitas sementes espalhadas pelo chão, somente umas poucas crescerão e se tornarão árvores. A possibilidade existe em todas: elas poderiam todas germinar e crescer, tornando-se árvores e produzindo muito mais sementes. Uma pequena semente tem o poder, o potencial de produzir toda uma floresta, ela contém o potencial de cobrir toda a terra com árvores. Mas também é possível que a semente com este imenso poder e potencial seja destruída e que nada surja a partir dela. E isto é apenas a capacidade de uma semente. O homem é capaz de muito, muito mais que isto. Uma semente consegue criar algo tão vasto... Se uma pequena pedra pode ser usada para criar uma explosão atômica... Imensa energia pode ser produzida a partir dela. Quando alguém experimenta esta fusão internamente com seu ser, com sua consciência, este florescer, esta explosão, a energia e a luz são a experiência do divino. Nós não experienciamos o divino do lado de fora. A energia que nós produzimos através desta explosão de consciência, do crescer e do florescer de nosso ser, tal energia, ela própria é o divino. E vocês têm uma sede por esta energia. Por isto eu lhes dou as boas-vindas. Mas isto não quer dizer que só porque veio aqui, você tem essa sede. É possível que você esteja aqui meramente como um espectador. É possível que você esteja aqui por uma vaga curiosidade. Mas nenhuma porta poderá ser aberta por meio de uma curiosidade superficial, e nenhum segredo será revelado a meros espectadores. Na vida, paga-se por tudo o que se recebe, e muito tem que ser sacrificado. Curiosidade não tem valor algum, ela não o leva a lugar algum. Curiosidade não o ajuda a entrar em meditação. O que é necessário é uma sede essencial por liberdade, não curiosidade. Se você carrega este intenso anseio e esperança dentro de si, então sob esta tremenda pressão a semente que está dentro de você irá desabrochar e começará a crescer. A semente não germinará por si mesma, ela necessita de certas condições. Ela necessita de muita pressão, muito calor para que sua película externa se rompa e o delicado broto interno cresça. Cada um de nós tem esta cobertura rígida, e se nós quisermos sair dela, não será por simples curiosidade. Assim, lembre-se: se você está aqui apenas por curiosidade, você irá embora com essa curiosidade e nada poderá ser feito para ajudá-lo. E se você está aqui como um espectador, você irá embora da mesma forma e nada poderá ser feito por você.
Assim, é necessário que cada um olhe para dentro de si e veja se ali existe ou não um autêntico anseio pelo divino. Cada um deve perguntar a si mesmo: ‘Eu quero conhecer a verdade?’ E que fique bem claro se a sua sede pelo divino é autêntica, se você tem um anseio pela verdade, pelo silêncio, pela felicidade. Se não, então compreenda que o que você fizer aqui não terá significado algum, será sem sentido, sem qualquer propósito. Se os seus esforços sem sentido não trouxerem frutos, não será a meditação a responsável; você será o responsável. Assim, para começar, é necessário que você procure por um autêntico buscador dentro de si. E que algo esteja claro: você realmente busca alguma coisa? Se você busca, então existe uma maneira de encontrar. (...) Se a sua busca é pela verdade, não existe poder algum na terra que possa detê-lo. Mas se você não anseia pela verdade, então também não existe poder algum na terra que possa dá-la a você. Assim, primeiro você precisa se perguntar se a sua sede é verdadeira. Se for, esteja certo que um caminho está disponível. Se não for, então não existe caminho algum. A sua sede será o seu caminho para a verdade.

The QuestOsho Transformation Tarot A segunda coisa que eu gostaria de dizer nesta introdução é que você muitas vezes tem sede por alguma coisa, mas não tem muita esperança de que vá obter o que deseja. Você tem um desejo, mas não é otimista a esse respeito. Existe o desejo, mas com um sentimento de desesperança. Se o primeiro passo for dado com otimismo, o último passo também terminará com otimismo. E isto também deve ser compreendido: se o primeiro passo for dado sem qualquer otimismo, então também o último terminará em desesperança. Se você quer que o último passo seja satisfatório e bem sucedido, então o primeiro passo deverá ser dado com otimismo. Eu estarei dizendo isto durante estes três dias, e continuarei a dizer enquanto estiver vivo: você deve ter uma atitude muito otimista. No que se refere ao seu estado de consciência, você consegue perceber que muita coisa depende de seus atos terem raízes na positividade ou na negatividade? Se você é um pessimista, é como se estivesse sentado num galho de árvore e, ao mesmo tempo, estivesse cortando esse galho. Então eu lhe digo que estar aberto é muito importante nesta busca. Ser otimista significa você perceber que, se existe uma simples pessoa nesta terra que tenha compreendido a verdade, se existe uma simples pessoa na história da humanidade que tenha experienciado a felicidade e a paz divina, então não existe razão alguma para que você também não possa experienciar. Não olhe para os milhões de pessoas cujas vidas estão cheias de escuridão, cujas esperanças nunca viram a luz do dia. Olhe para as pessoas na história que experienciaram a verdade. Não olhe para as sementes que não cresceram e não se tornaram árvores, que apodreceram e foram desperdiçadas. Olhe para aquelas poucas que foram bem sucedidas e experienciaram o divino. E lembre-se: o que foi possível para aquelas poucas sementes é possível para todas as sementes. O que um homem pode experienciar, qualquer outro homem pode também experienciar. A sua capacidade como semente é a mesma de Buda, de Mahavira, de Krishna ou Cristo. No que se refere à iluminação, a natureza não tem qualquer favoritismo, todos os homens têm possibilidades iguais. Mas isto não parece ser assim porque muitos entre nós nunca sequer tentaram transformar essa possibilidade em realidade. Assim, ser otimista é uma necessidade básica. Carregue esta certeza com você de que se alguém experienciou a paz, se alguém experienciou a felicidade, então isto também é possível para você. Não se humilhe sendo pessimista. Ser pessimista é insultar a si mesmo. Isto significa que você não se vê como merecedor de experienciar a verdade. E eu lhe digo: você é merecedor e certamente irá alcançá-la. Tente e veja! Você tem vivido toda a sua vida com um sentimento de desesperança. Agora, nestes três dias de Campo de Meditação, nutra um sentimento de otimismo. Seja tão otimista quanto possível de que o sublime irá acontecer, de que definitivamente ele irá acontecer. Por que? No mundo exterior é possível abordar alguma coisa com otimismo e não ser bem sucedido. Mas no mundo interior, o otimismo é um dispositivo muito útil. Quando você está cheio de otimismo, todas as células de seu corpo são preenchidas com otimismo, todos os poros de sua pele são preenchidos com otimismo, toda respiração é preenchida com otimismo, todo pensamento é realçado com otimismo, toda a sua energia vital pulsa com otimismo e a batida de seu coração espalha otimismo. Quando todo o seu Ser está preenchido com otimismo, isto cria um clima dentro de você no qual o sublime pode acontecer. O pessimismo também cria uma personalidade, um caráter em que toda célula está chorando, está triste, está cansada, está em desespero, sem vida, como se estivesse vivendo apenas aparentemente, mas estivesse morto em espírito. Se esta pessoa se colocar na jornada para procurar alguma coisa...E a jornada espiritual é a maior das jornadas. Homem algum já escalou um pico de montanha mais elevado que este e homem algum já mergulhou num oceano mais profundo. A profundidade do Ser é a mais funda e a sua altura é a mais elevada. Alguém que queira percorrer este caminho tem que ser muito otimista. Assim eu lhes digo, por estes três dias mantenham um estado mental muito otimista. À noite, quando forem para a cama, caiam no sono, cheios de otimismo. E durmam com a certeza de que amanhã cedo quando se levantarem, alguma coisa acontecerá, alguma coisa poderá acontecer, alguma coisa poderá ser feita. Tenham uma atitude otimista e, paralelamente a isto, eu gostaria de também dizer que, após muitos anos de experiência, eu cheguei à conclusão que a negatividade do homem pode ser tão forte que mesmo que ele comece a alcançar alguma coisa, é possível que ele não seja capaz de ver, devido à sua negatividade. (...) Além de ter uma atitude positiva eu também sugiro que durante estes três dias você pense apenas sobre o que está lhe acontecendo. Não pense sobre o que não está acontecendo. Nestes três dias, tudo que acontecer, observe. E esqueça o que não acontece, o que não pode acontecer. Lembre-se apenas do que você experienciar. Ainda que tenha apenas um gostinho de paz e silêncio, alimente isto. Isto dará a você a esperança, isto o empurrará para a frente. Porque se você alimentar alguma coisa que não aconteceu, o seu momentum será perdido, e aquilo que realmente aconteceu será também destruído. Assim, nestes três dias, em seus experimentos com meditação, preste atenção em toda pequena coisa que você experienciar, e faça disto a base de seu progresso. Não dê energia alguma ao que não acontece. O homem tem sido sempre infeliz porque ele esquece o que tem e tenta ter o que não consegue. Ter este tipo de vida está absolutamente errado. Seja alguém que compreenda o que tem e viva com base nisto. (...) Se você experienciar, ainda que seja o menor raio de silêncio, considere que você viu todo o sol, pois mesmo a menor experiência de luz irá ajudá-lo a alcançar o sol. Se eu estou sentado numa sala escura e vejo um fino raio de luz, existem duas maneiras de eu me relacionar com isto. Eu posso dizer, ‘O que é este pequeno raio de luz comparado com a profunda escuridão que me cerca? O que pode um pequeno raio de luz fazer? Existe muita escuridão por toda a minha volta.’ A outra maneira seria pensar, ‘Apesar de toda esta escuridão, existe pelo menos um raio de luz disponível para mim e se eu caminhar em direção a ele, eu poderei chegar até onde o sol está.’ É por isto que estou lhe dizendo para não pensar a respeito da escuridão. Se existir pelo menos o mais lânguido e minúsculo raio de luz, concentre-se nele. Isto fará crescer uma visão positiva dentro de você. (...)
A terceira coisa, é que durante estes três dias de meditação, vocês não estarão vivendo da mesma maneira que têm vivido. O homem é um robô, cheio de hábitos, e se viver confinado aos seus hábitos, o novo caminho da meditação será muito difícil. Por isso eu sugiro que vocês façam algumas mudanças. Uma das mudanças durante estes três dias será falar o mínimo possível. Falar é um dos maiores males deste século. E vocês nem têm consciência do tanto que falam. Da manhã até a noite, até dormirem, vocês seguem falando. Ou estão falando com alguma pessoa, ou quando não há ninguém para conversar, vocês falam consigo mesmo. Durante estes três dias, estejam conscientes sobre parar seu hábito de falar continuamente. E isto é apenas um hábito. Para um meditador, isto é vital. Durante estes três dias eu gostaria que vocês falassem o mínimo possível, e quando vocês falarem, deve ser uma conversa pura, não o bate-papo comum que têm todo dia. Sobre o que na verdade vocês falam todo dia? Essa conversa tem algum valor? Seria danoso para vocês se não falassem? Vocês estão simplesmente tagarelando, isso não tem muito valor. E se vocês não falarem, será danoso para os outros? Os outros iriam sentir que algo está faltando por não ouvirem o que vocês têm para lhes dizer? Durante estes três dias lembre-se de que você não deve conversar muito com as outras pessoas. Isto será tremendamente útil. E se você tiver que falar será melhor que seja algo conectado a meditação e nada mais. Mas seria muito melhor se você não falasse de jeito algum. Esteja em silêncio o máximo possível. Eu não quero dizer que isto tem que ser tão rígido que você se force a ficar em silêncio, que escreva o que quer dizer. Você é livre para falar, mas não fique no bate-papo. Fale conscientemente e somente quando for necessário. Isto irá ajudá-lo de duas maneiras. Um benefício é que você economizará toda a energia que é desperdiçada na conversa. E essa energia poderá ser usada na meditação. E o segundo benefício é que você se desconectará das outras pessoas e estará sozinho durante este tempo. Nós viemos a este local na montanha e seria um desperdício se todas as duzentas pessoas que estão reunidas aqui ficassem conversando umas com as outras, ficassem tagarelando. Então, você ainda estaria na multidão, como estava antes, e não seria capaz de experienciar o silêncio. Para experienciar o silêncio não basta, simplesmente, estar nas montanhas. É também necessário que você se separe dos outros e esteja só. Você deve fazer contato apenas se for absolutamente necessário. Imagine que você é a única pessoa nesta montanha, e que não exista ninguém mais ao seu redor. Você tem que viver como se estivesse vindo aqui, sozinho, você está só e movendo-se sem mais ninguém. Sente-se debaixo de uma árvore, só. Não vá entrar em grupos de pessoas. Viva separadamente e só, nestes três dias. A verdade da vida nunca foi conhecida através da vida em multidão, ela não pode ser experienciada de tal maneira. Nenhuma experiência de alguma significância já aconteceu na multidão. Qualquer um que tenha tido um gostinho do silêncio, teve esse experimento em absoluta solitude, só. Quando você pára de conversar com os outros, quando toda a sua tagarelice interna e externa pára, a natureza começa a comunicar-se com você de uma maneira misteriosa. A natureza está continuamente se comunicando com você, mas você está tão absorvido em sua tagarelice que não escuta a sua voz suave. Você terá que se aquietar para conseguir ouvir a voz que está falando dentro de você.
MeditationOsho Transformation Tarot Assim, nestes três dias, a conversa tem que ser conscientemente reduzida. Caso você se esqueça e volte ao hábito de falar e novamente se lembre, pare exatamente naquele ponto e se desculpe. Esteja só. Você estará experimentando isto aqui, e você terá que tentar por conta própria. Vá a qualquer lugar que você queira, sente-se debaixo de uma árvore, você esqueceu-se completamente que é parte da natureza. Você também não sabe que estando próximo da natureza fica mais fácil experienciar o sublime; nenhum outro lugar é mais fácil. Aproveite ao máximo estes três incríveis dias. Esteja isolado, em solitude, e não fale a não ser o necessário. E mesmo que todos estejam quietos, continue a estar só. Existem muitas pessoas aqui e quando nós sentamos para a meditação, pode parecer uma reunião de pessoas meditando. Mas toda meditação é individual, um grupo não consegue meditar. Sentado aqui, você está num grande grupo, mas quando você vai para dentro, você está totalmente só. Quando você fechar seus olhos, você se sentirá só, e quando você estiver silencioso, não haverá mais nenhum grupo. Haverá duzentas pessoas aqui, mas cada uma estará somente consigo mesma e não com os outros cento e noventa e nove meditadores. A meditação não pode ser feita coletivamente. Toda prece, toda meditação é individual, é particular. Aqui, esteja só, e também quando for embora. Passe a maior parte de seu tempo em silêncio. Não converse. Mas não será suficiente apenas parar de falar; você também precisará fazer um esforço consciente para parar a constante tagarelice que continua dentro de si. Você está sempre falando consigo mesmo e respondendo. Aquiete-se e pare com essa conversa também. É difícil parar esta tagarelice interna, mas diga a si mesmo com firmeza para parar com esse barulho, diga para si mesmo que você não gosta do barulho. Converse com o seu Ser interior. Sendo um meditador, é importante dar sugestões a si mesmo. Tente isto de vez em quando. Sente-se só em algum lugar, diga à sua mente para parar de tagarelar, diga à sua mente que você não gosta disto, e você ficará surpreso ao ver que por um momento a sua tagarelice interna parou. Por três dias dê a si mesmo a sugestão de não falar. Em três dias você notará a diferença... Pouco a pouco,a tagarelice vai diminuindo.
O quarto ponto: você talvez tenha algumas reclamações, alguns problemas – não dê atenção a eles. Se você enfrentar um pequeno problema ou dificuldade, não dê a ele qualquer atenção. Nós não estamos aqui para um entretenimento. (...) Você já deve ter sentido muito aborrecimento, muita raiva das pessoas que lhe fecharam as portas, e talvez não tenha observado as flores que desabrocharam numa cerejeira, ou não tenha visto a lua nascendo. Você não se permitiu ter um sentimento de gratidão. Se tivesse permitido, não teria experienciado aquelas coisas. Existe uma outra maneira de se relacionar com a vida, é quando você está preenchido com gratidão por tudo.E durante estes três dias você deve se lembrar de sentir gratidão por tudo. Sinta gratidão por aquilo que recebe e não se preocupe com o que não recebe. Esta é a base da gratidão. É sobre esta base que a despreocupação e a simplicidade nascem dentro de você.
Para resumir, eu gostaria de dizer que nestes três dias você tentará com firmeza ir para dentro, meditar e entrar no silêncio. Nesta jornada, uma resolução muito firme é necessária. A mente consciente onde todos os processos de pensamentos têm lugar é apenas uma pequena parte. O restante da mente é ainda mais profundo. Se dividirmos a mente em dez partes, a mente consciente seria apenas uma parte; as outras nove partes seriam a mente inconsciente. Nossos pensamentos e raciocínios acontecem em apenas uma parte, mas o resto do cérebro não está consciente disso. O resto do cérebro não tem nenhuma percepção disso. Quando nós tomamos uma resolução consciente para meditar, para entrar em samadhi, na felicidade sublime, a maior parte de nosso cérebro permanece ignorante dessa resolução. Essa parte inconsciente não nos dá apoio nessa resolução. Mas se nós não obtivermos o apoio dela nós não seremos bem sucedidos. Para ter esse apoio, um esforço consciente determinado é necessário. Eu vou explicar agora como fazer esse esforço consciente. Quando você acorda, esteja com determinação, e à noite quando você for para a cama, ao deitar na cama, pense sobre sua resolução por cinco minutos e repita isso para si mesmo quando for dormir. Eu vou explicar este exercício para se tornar determinado e você irá praticá-lo aqui e também na sua vida cotidiana. Como eu expliquei, com esta resolução, toda a sua mente, consciente e inconsciente, ambas vão decidir que ‘Eu ficarei silencioso, eu estou determinado a experienciar meditação.’ Na noite em que Goutama Buda alcançou a iluminação, ele estava sentado sob sua árvore bodhi e ele disse, ‘Eu não me levantarei deste lugar até estar iluminado.’ Você pode pensar, ‘Mas, qual é a relação? Como o não se levantar do lugar ajudou-o a atingir a iluminação?’ A resolução, ‘Eu não me levantarei...’ espalhou-se através de todo o corpo e ele não se levantou até se tornar iluminado. Surpreendentemente, ele tornou-se iluminado naquela mesma noite. E ele já estava tentando por seis anos, mas nunca antes com tanta intensidade. Eu darei a vocês um pequeno exercício para intensificar a sua resolução. Nós faremos este exercício aqui e também à noite antes de dormir. Se você exalar (o ar) completamente e então suspender a inalação, o que acontecerá? Se eu exalar completamente e então segurar o nariz, fechá-lo e não inalar, o que acontecerá? Em pouco tempo todo o meu ser vai lutar para inalar. Todos os poros de meu corpo e os milhões de células não irão gritar pedindo por ar? Quanto mais tempo eu segurar a minha respiração, mais profunda a vontade de respirar irá se espalhar em minha mente inconsciente. Quanto mais tempo eu segurar a respiração, mais a parte interior de meu ser irá pedir por ar. E se eu segurar até o último momento, todo o meu ser irá exigir ar. Agora já não é mais um simples desejo, não é apenas a camada de cima que está afetada. Agora terá se tornado uma questão de vida ou morte; agora as camadas mais profundas, as camadas de baixo irão também exigir mais ar. Em tal momento, quando você alcança o estado em que todo o seu ser está faminto por ar, você deve repetir para si mesmo. ‘Eu vou experienciar meditação’. Naquele momento, quando a sua vida está exigindo ar, você deve repetir o pensamento, ‘Eu entrarei no estado de silêncio. Esta é minha resolução: eu irei experienciar meditação.’ Neste estado, a sua mente deve repetir este pensamento; o seu corpo pedirá por ar e a sua mente repetirá este pensamento. Quanto mais forte a exigência por ar, mais profundamente a sua resolução entrará no seu interior. E se todo o seu ser estiver lutando e você estiver repetindo a sentença, então a força de sua resolução crescerá muitas vezes mais. Desta maneira você alcançará a sua mente inconsciente. Você fará essa resolução todos os dias antes das meditações diárias, e à noite você irá fazê-la antes de dormir. Repita a sentença e depois vá dormir. Quando você estiver caindo no sono, naquele momento, deixe que isto fique também martelando constantemente em sua mente: ‘Eu vou experienciar meditação. Esta é minha resolução. Eu entrarei no silêncio.’ Esta resolução deve ficar martelando em sua mente de modo que você nem perceba quando cair no sono. Durante o sono, a sua mente consciente fica inativa, mas as portas ficam abertas para a mente inconsciente. Se a sua mente fica repetindo esta idéia continuamente enquanto a mente consciente está inativa, ela pode então entrar na mente subconsciente. E com o tempo você observará uma mudança significativa, você verá mesmo nestes três dias. Assim tente agora compreender o método pelo qual você pode fortalecer a sua resolução. Esta é a maneira de fazer: primeiro respire devagar e profundamente, preenchendo a parte superior do pulmão o mais profundamente que puder. Quando você inalar o tanto que conseguir, continue a manter o pensamento, ‘Eu vou experienciar meditação’, e continue repetindo esta frase. Depois exale até um ponto em que você perceberá que não existe mais ar para exalar. Mas ainda existe. Então ponha o resto de ar para fora e repita a frase. Agora você perceberá que não há absolutamente mais nenhum ar. Mas ainda existe. Então ponha-o para fora. Não tenha medo, você nunca irá exalar completamente. É por isto que quando você percebe que não há mais expiração para ser feita, sempre ainda existe. Então tente também exalar isto. Exale totalmente, o mais que puder, e continue repetindo, ‘Eu vou experienciar meditação.’ É um fenômeno estranho: através disto, um processo de pensamento se desencadeia em sua mente inconsciente. Uma resolução intensa surgirá e você verá seus efeitos já amanhã. Por isto você tem que fazer sua resolução muito fortemente. Nós começaremos o experimento antes de deixar este local hoje à noite. Vocês deverão fazê-lo cinco vezes, ou seja, inalar e exalar cinco vezes e repetir o pensamento internamente por cinco vezes. Se alguém tiver algum problema cardíaco, ou outro problema, não faça com muito esforço, faça de uma maneira branda. Faça tão suavemente quanto possível, não se sinta desconfortável. Eu falei sobre a vontade de experienciar. Vocês devem praticar isto todas as noites durante estes três dias, antes de dormir. Ao deitar na cama, repitam a frase na medida em que gradualmente vocês forem caindo no sono. Se vocês seguirem este processo diligentemente e as suas vozes alcançarem o inconsciente, o resultado será facilmente induzido e inconfundível. (...) Vocês têm que manter a atenção focada. E então, a partir de amanhã nós começaremos com aquilo que tem que ser feito; nós começaremos o trabalho verdadeiro amanhã.”

OSHO – The Path of Meditation – Capítulo 1 (palestra introdutória ao Campo de Meditação em Mahabaleshwar, Índia)Tradução: Sw. Bodhi Champak