quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

MUNDO CÃO


Governo Obama relaxa medidas contra Cuba

A administração Barack Obama, anunciou nesta segunda-feira (13) a suspensão de algumas das medidas de bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba: acabar com a limitação de viagens e remessas de dinheiro de cubano-americanos à Ilha. As medidas de redução do bloqueio, prometidas durante a campanha eleitoral de Obama, são vistas como preparatórias da Cúpula das Américas, nesta quinta-feira em Trinidad e Tobago, onde os outros 34 países do continente devem pressionar pelo fim do bloqueio.

As medidas foram anunciadas pelo secretário de Imprensa da Casa Branca, Robert Gibbs, e não pelo próprio Obama, como chegara a ser veiculado pela mídia. Gibbs disse que as medidas, confiadas aos Departamentos do Tesouro e do Comércio, visa "ajudar a cobrir o fosso entre as famílias cubanas divididas", pois "não há melhores embaixadores da liberdade que os cubano-americanos".Ao defender as novas medidas durante a campanha presidencial, Obama usou esta mesma metáfora e uma argumentação ao gosto do eleitorado conservador. "Não existem melhores embaixadores da liberdade que os cubano-americanos. É hora de deixar que os cubano-americanos vejam seus pais, irmãos e irmãs. É hora de deixar que o dinheiro cubano-americano torne suas famílias menos dependentes do regime de Castro", dizia ele.
A Casa Branca também designou funcionários para analisarem a possibilidade de abrir voos comerciais entre EUA e Cuba, hoje vetados. Washington suspenderá também a proibição de conversações por celular entre os dois países.
O vaivém das restrições
As restrições suspensas fazem parte de uma espécie de pacote suplementar de bloqueio, que entra em prática ou é abandonado conforme os democratas e republicanos se revezam na Casa Branca.
Durante os cinco anos entre 1977 e 1982 os cubano-americanos puderam visitar livremente a Ilha, pois o democrata Jimmy Carter não renovou a proibição. Depois subiu o republicano Ronald Reagan e o veto voltou. Com Bill Clinton houve novo afrouxamento, com o estabelecimento de acordos bilaterais, seguido por um endurecimento com George W. Bush.
As normas que vigoravam até hoje foram fixadas por Bush em junho de 2004: os cubano-americanos só podem visitar seus familiares em Cuba uma vez a cada três anos; as remessas de dinheiro ficam limitadas a US$ 300 a cada três meses; e fica proibido enviar dinheiro a funcionários do governo cubano, ou membros do Partido Comunista de Cuba.
O mais longo bloqueio do mundo
O bloqueio contra Cuba permanece há 48 anos, a contar do rompimento unilateral das relações diplomáticas por parte dos EUA, em 1961. É o mais prolongado da história diplomática universal. Em um primeiro momento, a forte influência de Washington sobre os países do continente permitiu medidas como a votação expulsando Cuba da OEA (Organização dos Estados Americanos; a propósito, o Brasil de João Goulart absteve-se).
Mas esses tempos passaram. Na Cúpula das Américas, nesta quinta-feira (16), Obama será o único presidente de um país sem embaixador em Havana (a rigor, El Salvador também não tem, ainda, mas o presidente eleito, Mauricio Funes, da FMLN, prometeu reatar as relações quando tomar posse).
O novo ocupante da Casa Branca foi avisado, em março, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que será cobrado em Trinidad pela permanência dessa política, qualificada de "um absurdo". Cobrado por um assumido antiimperialista e amigo de Fidel, como o venezuelano Hugo Chávez, mas também por figuras como o próprio Lula, que está decidido a levantar a questão, e pelo consenso unânime de todos os seus interlocutores.
Outra fonte de pressão vem dos próprios cidadãos americanos de origem cubana, que são cerca de 1,5 milhão, concentrados principalmente na Flórida. Tradicionais eleitores do Partido Republicano até George W. Bush, eles se passaram em grande número para o lado democrata e ajudaram a eleger Obama justamente por estarem fartos do bloqueio.
A resistência que permanece é a da direita republicana. É o caso de Chris Smith. congressista republicano de Nova Jersey: ele defende que Washington mantenha o bloqueio intacto "até que o governo cubano libere prisioneiros, mostre respeito às liberdades de religião e expressão e tenha eleições justas". E critica até sete de seus colegas de Parlamento que viajaram para Havana este mês, mantendo encontros amistosos com o presidente Raúl Castro e o legendário Fidel.
A repercussão da viagem dos congressistas ajudou a abalar as muralhas do bloqueio. A democrata Barbara Lee disse que Fidel "é um homem muito esperto, muito amável". Já o democrata Bobby Rush disse que ouvir Fidel falando é "quase como ouvir um velho amigo".

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