terça-feira, 14 de abril de 2009

Sobre o Regulador

Enfoque interesante. Muito necessário ver como uma afirmaçao da neurociencia e da psicología, como a de que a personalidade termina aos 35 anos, se moveu até indicar, neste momento, que há movimento e plasticidade até qualquer idade.Tudo o que disse este senhor, sem que usem esta terminología, você encontra em Allan Watts, Krishnamurti, Castaneda, etc., há longo tempo. Mas agora, como se trata de algo que foi dito por alguém certificado das mesmas Universidades que constantemente devem mudar suas afirmações, as pessoas sentem que devem ir por este caminho.“ Podemos reprogramar nosso cérebro para mudar o comportamento”. É o que disse Dispenza, mas para que voltar a reprogramar? E se ao invés de voltar a fixar-se, tem-se um cérebro muito arborizado, com disponibilidade para usar, quando assim o requerer o momento da ação imediata. Isto permitiria, como disse o Tao Te Ching, acender um circuito que lhe corresponda a cada fato. Isto economiza a energia para mantê-lo conectado.“ Podemos reprogramar nosso cérebro para mudar o comportamento”Entrevista de Joe DispenzaHá mais de vinte anos, Joe Dispenza (um dos mestres de “ O Segredo”) foi atropelado por uma caminhonete quando participava de um triatlo. O diagnóstico dos quatro cirurgiões que consultou coincidia. Ele teria que ser operado imediatamente, deveriam implantar-lhe barras de Harrington ( de 20 a 30 cms desde o pescoço até a base DA coluna), já que a tomografia demonstrava que a medula estava lesionada e ele poderia ficar paralisado a qualquer momento.Dispenza, que era quiroprático, sabia muito bem o que isto significava: uma incapacidade permanente e muito provavelmente com dor constante. Sua decisão foi arriscada: tentaria ajudar seu corpo a se recuperar de maneira natural, conhecia bem todo o concernente a ossos e músculos e idealizou um plano de ação que incluía auto-hipnose, meditação, uma dieta que ajudasse seus ossos a se regenerarem e certos exercicios na água. Se recuperou totalmente em um tempo recorde e decidiu aprofundar-se no tema.Durante oito anos estudou as remissões espontâneas de doenças e os resultados o surpreenderam tanto, que decidiu voltar à Universidade para tentar explicar científicamente o que havia descoberto: o poder de nosso cérebro como diretor executivo do corpo.Joe Dispenza estudou Bioquímica na Universidade Rutgers de New Brunswickle, em Nova Jersey e obtuve o doutorado em Quiroprática na Life University de Atlanta, com licenciatura magna e recebeu o premio Clinical Profecienciy Citation, pela extraordinária qualidade de sua relação com OS pacientes. Membro da Intertational Chiropractic Honor Society, cursou estudos de pós-graduação em neurologia, neurofisiología, função cerebral, biología celular genética, memorização quimica cerebral, envelhecimento e longevidade. Desde 1977 tem dado conferencias para mais de dez mil pessoas em 17 países dos cinco continentes. No final de maio, falou em Madrid e Barcelona, coincidindo com a edição espanhola de seu livro, Desenvolva seu cérebro.” Podemos mudar a mentalidade e criar novas conexões no cérebro e fortalecê-las com nosso pensamento” Como começou a interessar-se pelo cérebro?Entrevistei centenas de pessoas que tinham sido diagnosticadas com enfermidades – tumores malignos e benignos, enfermidades cardíacas, diabetes, alterações respiratórias, hipertensão arterial, colesterol alto, dores músculo- esqueléticas raras, alterações genéticas para as quais a ciencia médica não tem solução…mas cujo corpo se regenerou por is só, sem a ajuda de uma intervenção médica convencional como a cirurgia e os remédios.Milagre?Observei que uma das causas principias destas remissões espontâneas era que haviam mudado sua forma de pensar, assim voltei à Universidade e fiz a carreira de neurociencias para poder explicar o que ocorria.Quando afirmo que nossos pensamentos se convertem literalmente em matéria, me baseio na mais pura vanguarda cientifica. Basicamente estes individuos mudaram a arquitetura neurológica de seu cérebro.Estimulante curiosidade a sua.Todas estas pessoas que tinham uma remissão espontânea compartilhavam quatro qualidades específicas. O primeiro é que todas aceitaram, creram e entenderam que há uma inteligencia superior dentro delas, e igualmente a qualificavam de divina, espiritual ou subconsciente.O segundo é que todas aceitaram que foram seus próprios pensamentos e suas proprias reações que criaram sua enfermidade e, posso falar e citar estudos sobre qualquer destes temas durante meia hora. Há um florescente campo cientifico chamado psico-neuroimunologia que demonstra a conexão existente entre a mente e o corpo.Eu acredito em você, mas avancemos em suas conclusões.A terceira caracteristica comum é que cada pessoa decidiu reinventar-se a si mesma para chegar a ser outro e os estudos atuais em neurociencias mostram que isto é totalmente possivel.Por último, tinham em comum que durante o período em que tentavam meditar ou imaginar em que queriam converter-se, houve grandes períodos em que perderam a noção do tempo e do espaço.E o que isto significa?O lóbulo frontal representa uns 40% da totalidade do cérebro e quando estamos verdadeiramente concentrados ou focalizados, o lóbulo frontal atua como um controle de volume. Como tem conexões com todas as demais partes do cérebro, posso abaixar o volume do tempo e do espaço. Em outras palabras, os circuitos que tem a ver com mover o seu corpo, senti-lo, perceber o que há fora e perceber o tempo, passa a um segundo plano e o pensamento se converte na experiencia em si, é mais real que qualquer outra coisa.Deste modo, o lóbulo frontal elimina tudo o que não é prioritário, para focalizar-se num único pensamento e é neste momento que o cérebro refaz sua conexão.Em que se traduz?Aquilo no que pensamos e no que concentramos nossa atenção com mais frequência é o que nos define na escala neurológica.Um recente estudo demonstra que as grandes ideáis surgem quando alguém está relaxado, pensando em outras coisas.Entre a intenção e o render-se.Antes se acreditava que a parte direita do cérebro é a parte emocional ou sentimental, o lado criativo, e a esquerda, a racional ou lógica. Mas de fato o lado directo do cérebro é responsavel por processar a novidade cognitiva, as novas ideáis, que quando já estão memorizadas, quando se convertem em familiares, passam para o lado esquerdo do cérebro. É o que conhecemos como rotina cognitiva.Mudar as marchas do carro?Todas estas coisas que podemos fazer sem pensar, sim. Esta é a razão pela qual quando um aprendiz escuta música, ele a ouve com o lado direito do cérebro, mas um músico profissional o faz com o esquerdo. Isto significa que temos a oportunidade de aprender coisas novas e recordá-las, é a maneira que tem a evolução de fazer conhecido o desconhecido. Podemos mudar nossa mentalidade. Ao criar novas conexões e fortalecê-las com nosso pensamento dando-lhes prioridade, os que não utilizamos tendem a desaparecer.Você fala de inteligência espiritual, o que é isto, como se explica a partir de um ponto de vista cientifico?Não há nada de mistico nela. Se trata da mesma inteligência que organiza e regula todas as nossas funções corporais. Esta força faz com que nosso coração bata ininterruptamente umas cem mil vezes a cada dia, sem que sequer pensemos nele, e se encarrega das sessenta e sete funções do fígado ainda que a maioría das pessoas nem sequer saiba que este órgão realiza tantas tarefas.Esta inteligência sabe como manter a orden entre as células, os tecidos, os órgãos e os sistemas corporais porque foi ela quem criou o corpo a partir de duas células individuais.O poder que dá origem ao corpo é o poder que o mantém e o cura?O cérebro não pode mudar o cérebro porque é somente um órgão e a mente não pode mudar o cérebro porque é um produto do cérebro. Assim, tem que existir algo que está operando no cérebro para que mude a mentalidade.Como define este algo?Ha, Ha, Ha, esta é uma pergunta muito filosófica, duas garrafas de vinho e talvez quatro horas, porque se trata da busca do ser. Mas neste momento é curiosamente a ciencia que nos permite explicar que efetivamente temos controle sobre nossa mente e nosso cérebro, ou seja, que não somos um efeito de nossos processos biológicos, e sim a causa. Básicamente mais além de meus estudos sobre as remissões espontâneas de enfermidades, o que tento transmitir-lhes é que nossos pensamentos provocam reações quimicas que nos levam a adição de comportamentos e sensações, que quando aprendemos como se criam estes maus hábitos, não só podemos rompê-los mas também reprogramar e desenvolver nosso cérebro para que apareçam em nossa vida comportamentos novos.E a predestinação genética?A investigação cientifica de vanguarda está mostrando que a genética tem a mesma plasticidade que o cérebro. Os gens são como interruptores e é o estado quimico em que vivemos o que faz com que alguns estejam acesos e outros apagados.Foi realizado um estudo muito interessante no Japão com doentes dependentes de insulina tipo dois, que mostrava como os doentes submetidos a programas de comédia normalizavam seu nivel de acúcar no sangue, sem necessidade de insulina. Vinte e quatro gens ativados só pelo fato de rirem. Os gens são iguais em plasticidade ao nosso tecido neuronal.Cada vez que pensamos fabricamos substâncias quimicas?Assim é, e estas substâncias por sua vez são sinais que nos permitem sentir exatamente como estávamos pensando. Então, se tens um pensamento de infelicidade, ao final de alguns segundos te sentes infeliz. O problema é que no momento em que começamos a sentir da maneira que pensamos, começamos a pensar da maneira que sentimos e isto produz ainda mais quimica. Um círculo vicioso.Sim e assim se cria o que chamamos o estado de ser. A repetição destes sinais faz com que alguns gens estejam ativados e outros apagados. Memorizamos este estado com nossa personalidade, a pessoa diz: “ Sou uma pessoa infeliz, ou negativa, cheia de culpa”, mas na realidade a unica coisa que ela fez foi memorizar sua continuidade quimica e definir-se como tal. Nosso organismo se acostuma com o nivel de substâncias quimicas que circulam por nossa corrente sanguinea, rodeiam nossas células ou inundam nosso cérebro. Qualquer perturbação na composição quimica constante e regular e confortavel de nosso corpo, resultará num mal estar.Estamos atrelados à nossa quimica interna.Sim, faremos praticamente tudo o que esteja em nossa mão, tanto consciente como inconscientemente e a partir do que sentimos, para restaurar nosso equilibrio quimico costumeiro. É quando o corpo já manda na mente.Propõe mudar a quimica cerebral com nosso pensamento?É uma parte de meu trabalho, não se trata só de mudar a quimica cerebral, mas também os circuitos cerebrais e suas conexões. Se podemos forçar o cérebro a pensar com outros padrões ou sequências, estamos criando uma nova mente. O principio da neurociencia é que as células neuronais se ativam conjuntamente e se entrelaçam, criando uma conexão mais permanente.Uma pessoa que diante de uma situação, por mais nova que seja, recorre a estas conexões, repete o mesmo pensamento uma e outra vez e dá as mesmas respostas, seu cérebro não muda, vive com a mesma mente a cada dia.Como interromper este ciclo?Através do processo de conhecimento e da experiencia podemos mudar o cérebro. É uma boa idéia examinar constantemente o que podemos mudar dentro de nós. Se a cada manhã nos questionassemos qual é a melhor idéia que podemos ter de nós mesmos, teríamos um outro tipo de mundo.Que perguntas devemos nos fazer para nos sentirmos de outra maneira?A maioria das pessoas crê que as emoções são reais. As emoções e os sentimentos são o produto final, o resultado de nossas experiencias. Se não há experiencias novas ou vividas de outra maneira, vivemos sempre na atualização de sentimentos passados. Trata-se do mesmo processo quimico, uma vez atrás da outra. Uma pergunta que nos ajudaria a mudar é: que sentimento tenho a cada dia que me serve de desculpa para não mudar?Se as pessoas começam a dizer a si mesmas: eu posso eliminar a culpa, a vergonha, as sensações de não merecer, de não valer…. se podemos eliminar estes estados emocionais destrutivos, começamos a libertar-nos, porque são estes estados emocionais que nos impulsionam a nos comportarmos como animais, com grandes depósitos de recordações.Qual é o maior ideal de mim mesmo? O que posso mudar em mim para ser uma pessoa melhor? A quem na história admiro e com quem quero me igualar?Mas saber quem você quer ser não é suficiente para mudar sua conexão.Não. O conhecimento é o que precede a experiencia. Aprender uma informação é personalizá-la e aplicá-la. Devemos modificar nosso comportamento para poder ter uma nova experiencia, que por sua vez crie novas emoções.O conhecimento é para a mente, a experiencia para o corpo. Temos que ensinar ao corpo o que a mente entendeu intelectualmente. Se seguimos repetindo, esta experiencia se arquiva em um sistema novo no cérebro e isto permite passar do pensar ao fazer, ao ser. O passo seguinte é mudar hábitos de comportamento, tem que haver ação. O maior hábito que temos de romper é o de sermos nós mesmos, porque a neurociencia e a psicologia dizem que a personalidade já está formada antes dos 35 anos e isto significa que temos os circuitos feitos para poder enfrentar qualquer situação e, portanto, vamos pensar, sentir e atuar da mesma maneira o resto de nossos dias. Mas os últimos estudos mostram que é possível mudar a personalidade em todas as etapas da vida. Para isto é preciso converter o hábito inconsciente em algo consciente, chegar a ter consciênca destes pensamentos e sentimentos inconscientes.Isto são 20 anos de psicanálise?Ainda que chegues a entender intelectualmente que teu pai era muito dominador, isto não muda tua condição. O primeiro passo sempre é aprender. Enquanto vamos aprendendo nova informação e começamos a pensá-la, a contrastamos com nossas crenças e a analisamos, estamos mudando nossa conexão, construindo uma nova mente.Uma vez que esta nova mente esteja estabelecida, temos que começar a pensar como mostrá-la e aí entra o corpo. Qualquer processo de mudança requer o desaprender e o reaprender

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